Estudo realizado com 1.411 habitantes do Complexo da Maré, uma das maiores favelas do Rio de Janeiro, conclui que quase um terço da população adulta da região possui sua saúde mental afetada pela violência policial.
Redação Rio
VIOLÊNCIA – A violência policial cotidiana, aliada com o aumento da pobreza e a diminuição da qualidade de vida, destrói a saúde mental de grande parte da população moradora do Complexo da Maré. É o que afirma a pesquisa Construindo Pontes, organizada pelo movimento Redes da Maré junto com o People’s Palace Project, departamento da Queen Mary University of London.
Com amigos, familiares e vizinhos sendo feridos e assassinados por balas perdidas, 26,6% dos moradores relataram ter depressão e 25,5%, ansiedade. Ao todo, 71% sentem medo constante de que alguém próximo seja alvejado.
17% dos entrevistados pela Pesquisa Construindo Pontes já viram alguém ser morto ou baleado. Esse intenso sofrimento mental descrito pelos moradores, existe graças ao terrorismo do estado burguês, a intimidação e o encarceramento em massa de pessoas próximas.
A verdade é que a violência, característica fundamental da perpetuação do sistema de produção capitalista, devasta psicologicamente e fisicamente os trabalhadores da periferia.
Operações policiais constantes destroem saúde mental dos moradores da Maré
A pesquisa aponta que, pelo menos 13.357 domicílios passaram por invasões, com violência verbal, extorsão e perdas materiais. Além disso, 47% dos moradores que tiveram suas residências invadidas, passaram pela situação mais de uma vez.
Vale lembrar que no dia 5 de junho de 2020, o STF proibiu operações policiais em favelas do RJ durante o período pandêmico. As operações policiais, supostamente “justificadas somente em hipóteses extremamente excepcionais”, nunca deixaram de ser uma regra para os moradores da Maré.