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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Livro escancara os calabouços do bolsonarismo

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Imagem: Reprodução

Felipe Fly e João Coutinho


Livro escancara os calabouços do bolsonarismo

O livro “República das Milícias”, escrito pelo jornalista Bruno Paes Manso, é a crônica de terror que descreve como vive grande parte da população pobre do Rio de Janeiro nas mãos das milícias. O autor remonta a história da formação desses grupos desde os esquadrões da morte, formados nos anos 1960, até o domínio do tráfico nos anos 1990. Também relaciona a formação das milícias com a ditadura militar e as máfias do caça-níquel e do jogo do bicho. Além disso, mostra suas relações políticas com o clã Bolsonaro e o envolvimento com o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Além do livro também foi lançado um podcast sobre o tema.

O surgimento dos grupos paramilitares

As milícias surgem em bairros periféricos a partir da organização de pequenos grupos de policiais que têm como prática realizar “justiça com as próprias mãos”. Se sustentavam, e até hoje se sustentam, por meio de cobranças de valores da população: ameaçam pequenos comerciantes e moradores dos bairros para o pagamento de taxas.

Com suas próprias regras e “ética”, se auto intitulam heróis que têm a missão de acabar com a criminalidade e o tráfico de drogas. Estes justiceiros se utilizavam até de nomes de heróis de quadrinhos, como  “Liga da Justiça’

Os grupos se fortaleceram nos anos 2000, quando assumiram territórios com o discurso paramilitar de ordem e segurança frente à forte presença do poder do tráfico. Para garantir sua receita, estes paramilitares, que antes só realizavam extorsão, começaram a  controlar a venda de gás, a instalação da internet, a construção de prédios em áreas de proteção ambiental invadidas, entre outras práticas ilegais.

Violência e poder

Como todo grupo capitalista, amam o monopólio e recorrem à violência para acabar com os possíveis concorrentes. Alguns dos milicianos aprenderam a torturar, matar e ocultar cadáveres durante a ditadura militar. Com o fim deste período, vários deles sentiram a necessidade de ter novas fontes de renda e, assim, a milícia se tornou uma alternativa. Ao longo do tempo, o negócio miliciano foi crescendo e sendo cada vez mais rentável. O resultado: atraiu cada vez mais policiais e se transformou em um “segundo emprego”.

A influência desses grupos paramilitares é tanta, que batalhões inteiros da PM do Rio de Janeiro são compostos por milicianos, como aquele em que atuava Fabricio Queiroz, amigo íntimo de Bolsonaro. O poder dentro da polícia também é grande. Exemplo disso é o planejamento de operações contra o tráfico: elas acontecem em territórios de interesse das milícias, a fim de abrir espaço para a instalação de um novo grupo no local.

Novas Alianças

Com o passar dos anos, a disputa entre o tráfico e a milícia diminuiu e foram criadas alianças que visavam o lucro. Os milicianos se aliaram ao Terceiro Comando Puro (TCP), abrindo espaço para a venda de drogas em suas comunidades e atuando em conjunto para enfraquecer outras facções, como o Comando Vermelho.

A crescente influência das milícias na sociedade carioca foi observada e denunciada, inclusive com episódios como o da chamada “CPI das Milícias”. Entretanto, elas tinham fortes aliados políticos, como é o caso da família Bolsonaro, que são admiradores de ditaduras militares e grupos de extermínios. Suas relações com milicianos são tão íntimas, que além de vizinhos, fizeram homenagens públicas a figuras conhecidas desses grupos.

Esta ajuda mútua não só propagou a mentira de que os milicianos eram “heróis contra o crime”, como também os protegeu e ainda garantiu a base de apoio para as eleições da família Bolsonaro. O próprio Fabrício Queiroz, que é investigado no caso das rachadinhas, se escondeu na Favela do Rio das Pedras, comandada por milicianos.

A ligação com o mundo da corrupção e do crime é tanta que Jair Bolsonaro fez uma homenagem a Adriano da Nóbrega (morto em fevereiro deste ano), acusado de assassinar Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. Adriano era ex-militar do BOPE e um dos  comandantes do “Escritório do Crime”, além de morar no mesmo condomínio de luxo do presidente.

A outra figura que participou da ação é Ronnie Lessa, ex-militar e admirador da “Scuderie Le Cocq”, organização criada por policiais nos anos 1960 que unia grupos de extermínio, torturadores, assassinos da polícia e do exército. Lessa também foi segurança de bicheiros, inclusive teve a perna amputada em um atentado na disputa pela herança de Castor de Andrade, conhecido como o “Rei do Bicho”.

Só o socialismo pode libertar o povo

A cidade do Rio de Janeiro hoje, segundo mapa elaborado à partir do Disk Denúncia, tem 57% de seu território sob controle da milícia e 15% do tráfico, ou seja, ao menos metade da população da cidade está submetida aos mandos do poder paralelo. Se somar a isso os territórios em disputa pelas milícias e as diferentes facções, sobra apenas 2% do território sem influência do poder armado.

Os milicianos são um grupo armado, com o fascismo enraizado desde sua origem, colocando que a pobreza e a violência nas periferias só pode ser resolvido diante da ameaça armada de alguns ‘cidadãos de bens’ que sonham novamente com uma ditadura, onde possam matar e torturar livremente e assim como a ditadura fascista que assolou nosso país está ligada com toda rede do crime porque sempre o mais importante para eles é  garantir o máximo  seus lucros.

O fascismo, as milícias, o bolsonarismo, tudo deve ruir, frente a organização do povo. Devemos nos organizar com audácia e coragem, em cada bairro pobre. Só a organização popular pode impedir o golpe que tanto os milicianos que estão no governo (Família e amigos do Bolsonaro), quanto os milicianos que tomam o estado do Rio de Janeiro de refém.

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