A mercantilização da educação faz com que o sistema de ensino esteja voltado, essencialmente, para o grande capital, moldando a formação da juventude aos padrões impostos pelos ricos. O novo Ensino Médio é a expressão do que pretendem com a educação pública: seu sucateamento e a negação a uma formação ampla e crítica sobre a ciência e a sociedade.
Dandara Ameijeiras, Rio de Janeiro
EDUCAÇÃO – Muitos estados e municípios do país se preparam para implementar o chamado “Novo Ensino Médio”. A proposta prevê uma suposta “simplificação” do conteúdo ensinado nas escolas do antigo segundo grau. Com os chamados itinerários (Matemática, Ciências Humanas e Sociais, Linguagens, Ciências da Natureza e formação profissional) a tendência é aumentar ainda mais a falta de acesso de muitos estudantes à várias áreas do conhecimento humano.
Na prática, o “novo Ensino Médio” impõe uma realidade que já existe. A educação de qualidade já se tornou um produto que só tem quem pode pagar. Cursos ditos como imperdíveis e essenciais para a nota máxima no vestibular, apostilas “infalíveis”, cronogramas e rotinas de estudos montadas com acompanhamento de professores, entre outros vários que fazem propaganda de algo que muitos jovens de classe baixa, trabalhadores, não podem pagar.
A ausência de educação têm custo alto para jovens pobres
Com a implantação do novo ensino médio, será muito mais fácil notar a dificuldade que o jovem pobre passa atualmente. Prover sustento para sua casa e ter a vida escolar em segundo plano são dificuldades que pessoas com renda alta não passam.
O “Novo Ensino Médio” prevê que muitas matérias deixarão de ser obrigatórias. É o caso de História, Filosofia e Sociologia que são fundamentais para construção de uma visão crítica da sociedade. E para piorar, essas matérias continuarão presentes nos vestibulares, aumentando um abismo que já existe.
O ato de estudar, para jovens periféricos, pobres, marginalizados, é um ato de rebeldia. Isso porque o sistema capitalista deseja cada vez mais ignorância, que seja predominante a falta de consciência de classe, o que resulta na venda de força de trabalho por preços cada vez menores, favorecendo o sistema explorador.
Dessa forma, podemos ter uma análise da importância de lutar contra a nova BNCC, e valorizar cada vez mais os pré-vestibulares sociais e alternativas de ensino populares. A educação, enquanto mercadoria, jamais poderá ser emancipadora dentro do sistema capitalista.