Por: Clóvis Maia, Pernambuco
Quando Bolsonaro ganhou as eleições em 2018 ficou claro que seu governo seria erguido e sustentado por uma aliança espúria, tendo como principais elementos sua ala ideológica, um suposto discurso anticorrupção e os militares. Como o fascismo é um gigante com os pés de barro, não durou muito para a máscara bolsonarista cair. Sérgio Moro, o baluarte da luta contra a corrupção (dos outros) foi um dos primeiros a se afastar do ‘mito’, a ala ideológica trabalhou pra isolar cada vez mais o governo enquanto os militares garantiam seus lucros e dividendos do acordo com o ex-capitão, ganhando cargos, regalias, salários milionários e escândalos de corrupção jogados para debaixo do tapete.
Mas uma peça fundamental nesse quebra cabeça e que sustenta o governo é o seu ministro da economia Paulo Guedes. A confiança depositada nesse legítimo representante do sistema financeiro é tão grande que vários ministérios importantes como o do trabalho e da previdência foram extintos para aumentar o poder do chamado ‘posto ypiranga’. Uma coisa é certa: sem Paulo Guedes o apoio dos setores financeiros ao ilegítimo e cada vez mais desmoralizado governo teria minguado há tempos e muito provavelmente Bolsonaro nem estaria no comando do país.
O ministro com teto de vidro
A melhor palavra para definir o superministro da economia é a hipocrisia. Hipócrita é quem diz uma coisa que na verdade não é. Quem finge ser uma coisa, mas na verdade é totalmente o oposto daquilo, Paulo Guedes é um exemplo perfeito. As recentes denuncias da Pandora Papers, investigação conduzida por jornalistas de 117 países e que mostrou que milhares de liberais e defensores do livre mercado abrem empresas no estrangeiro para burlar as leis e os impostos de seus respectivos países, além de fazerem todo tipo de negociata e transação indevida nos chamados paraísos fiscais mundo afora.
Denunciado nesse tipo de prática, o posto ypiranga do presidente parece que ficou um pouco mais desmoralizado. Com gasolina tendo seu nono aumento até esse mês de outubro, inflação batendo recordes, desemprego quase na casa dos 15 milhões e o medo do retorno dos apagões e mais de 600 mil mortes pela covid a conta não iria demorar a chegar.
Mas, quem é Paulo Guedes?
Representante direto do neoliberalismo, banqueiro e inimigo do povo pobre. Quando assumiu o ministério, Guedes prometeu que o gás de cozinha iria custar a metade do preço. Para isso a receita que ele aprendeu com a escola econômica de Chicago: privatizar tudo. Só que o gás (que custava em média R$69,00 hoje está custando mais de R$100). Pior: as idéias para a economia do ministério vêm da ditadura chilena de Pinochet. Taxar livros, privatizar o SUS, criar uma previdência privada foram medidas adotadas nos anos de ditadura, coisa que Guedes viu de perto quando foi professor universitário por lá, onde ele afirmou ‘não ter visto nada demais’ nos anos em que morou por lá, auge de uma das ditaduras mais violentas da America Latina.
Paulo Guedes já chamou os servidores públicos de parasitas, disse que as empregadas domésticas brasileiras viviam indo para Disney, que os chineses inventaram o vírus da covid-19, que o governo não deveria investir verbas públicas em empresas pequenas, além de defender a volta do AI-5, entre outros absurdos. Mas o grande trunfo do ministro é que a maioria daqueles que criticam o atual governo concordam com a manutenção das suas políticas econômicas. Veja que, enquanto o presidente fala seus discursos de ódio e gera polêmica é Paulo Guedes quem acena para os grandes empresários, banqueiros e o capital estrangeiro, além de cumprir as medidas de austeridade fazendo a classe trabalhadora pagar por uma crise que ela não gerou.
Enquanto os meios de comunicação ‘oficiais’ criticam Bolsonaro quase nada falam acerca dos escândalos envolvendo o principal ministro desse desgoverno. Nem a denúncia de que a política genocida do kit-covid envolvendo a prevent senior, os militares, políticos do centrão, os filhos do presidente, seus aliados e o próprio ministério da saúde foi pactuada com o aval do ministro com o pretexto de ‘salvar a economia’.
Mas a grande burguesia não vai nunca se colocar contra o mercado e seu representante. Para tipos como o MBL, PSDB, rede globo e outros importa tirar Bolsonaro na eleição do ano que vem mas manter a política de austeridades nas costas do povo pobre. Não basta tirar Bolsonaro; é preciso lutar para por um fim a esse injusto sistema que defende a morte de milhões enquanto vivemos num verdadeiro inferno e uma minoria de parasitas engordam suas contas em paraísos fiscais.
Sem dúvidas, nada se pode esperar de digno e respeitoso desse desgoverno nazifascistóide antidemocrático, em conluio com oligarquias financistas de especuladores improdutivos e agiotas oficiais, ameaçando interesses e a soberania nacionais, além de destruir as conquistas, direitos e politicas sociais, bem como dilapidar patrimônios públicos e riquezas naturais!