Por Alexandre Ferreira, Brasília
#TORTURADOR SAI, ESTUDANTE FICA!
Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou nesta quarta-feira (27/10), em segundo turno, o projeto de lei de autoria do Deputado Distrital Leandro Grass (Rede), que modifica o nome da Ponte Costa e Silva para Honestino Guimarães. A Ponte foi inaugurada em 1976 em plena ditadura, é localizada sobre o Lago Paranoá, no Lago Sul, em Brasília. Agora segue para sanção do Governador Ibaneis Rocha (MDB).
Honestino Guimarães foi uma das principais lideranças estudantis de Brasília, sendo presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e foi sequestrado no dia 10 de outubro de 1973 e morto pela ditadura militar.
Uma importante decisão, fruto de uma luta travada a décadas para que sejam retiradas homenagens, em logradores e escolas públicas, feitas a representantes da ditadura militar, responsáveis por milhares de assassinatos, torturas, sequestros entre outros crimes bárbaros. O Brasil é um dos poucos país da América Latina, onde torturadores e assassinos da ditadura militar não foram devidamente julgados e punidos. E para piorar, ainda há ruas, praças e monumentos com homenagens aos mandantes desses hediondos crimes.
A decisão da modificação do nome já tinha sido aprovado e sancionada em agosto de 2005, projeto do então Deputado Distrital Ricardo Vale (PT), e sancionado pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Só que em 2018, deputada Bia Kicis (PRP), entrou com uma ação civil pública ao TJDFT e conseguiu a anulação da decisão, fazendo com que voltasse a se chamar Costa e Silva.
Segundo o jornalista Hélio Doyle que foi militante contra a ditadura militar e contemporâneo de Honestino no movimento estudantil em Brasília:
“É uma decisão histórica e de enorme importância para a capital federal e para os brasilienses. Tínhamos o incômodo de ter, no centro da cidade, uma ponte homenageando um ditador. Agora temos a homenagem a um lutador pela liberdade, torturado e assassinado pela ditadura. Honestino Guimarães jamais será esquecido, o ditador já está no lixo da História”
No mesmo sentido reforça a importância desta decisão, Betty Almeida, que escreveu um importante livro Bibliográfico sobre Honestino Guimarães, “Paixão de Honestino” e é membro do Comitê por Memória e Justiça do Distrito Federal:
“Dona Maria Rosa Leite Monteiro, mãe de Honestino, e seu irmão Norton Monteiro Guimarães faleceram sem encontrar seu corpo e dar-lhe uma sepultura digna.
Nomear a ponte é a homenagem justa de uma cidade em que Honestino é, para a juventude de hoje e os que viveram as lutas do passado, um símbolo de integridade e coragem na defesa de ideais de justiça e liberdade e por uma sociedade justa e socialista.”
Honestino vive! Ditadura nunca mais!