Isabella Catarina
SÃO PAULO – O sistema capitalista tem como uma de suas principais características estruturais o patriarcado e consequentemente, o machismo. Essa problemática é cada dia mais latente para as mulheres, que são exploradas e obrigadas a enfrentar violências sem possuir nenhum tipo de ajuda vinda do Estado, já que este só serve para perpetuar ainda mais a opressão, fato que se intensifica ainda mais sob o governo de Bolsonaro.
No caso das menores de idade, a questão apenas piora. Hoje, as políticas públicas para essas meninas são extremamente escassas, o que resulta em dados muito preocupantes, como por exemplo, que de acordo com o 13ª Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2018, das 66 mil vítimas de estupro, 53,8% eram meninas de até 13 anos. Essa é a realidade das mulheres e meninas que sobrevivem, pois não se pode dizer que vivem, sob esse sistema caduco que não tem nada a oferecer para o nosso povo, que deixa as mulheres terem que se prostituir e comprar osso para dar aos seus filhos.
Diante disso, a organização das mulheres torna-se a única saída, e essa luta vem avançando e se concretizando cada dia mais entre as menores de idade, as secundaristas. A exploração é tanta que faz com que muito cedo essas meninas percebam que não é possível resolver, por exemplo, o problema dos assédios nas escolas dentro dessa sociedade, pois a justiça é burguesa e a lei torna-se letra morta.
Como diz Júlia Cristina, de 17 anos, que constrói um núcleo do Olga na sua escola: “Construir a luta secundarista, principalmente entre as mulheres, é cheio de altos e baixos, acho que o movimento estudantil é assim né, mas entre as meninas, a indignação pelas situações que vivemos desde sempre move muitas meninas à luta. Como estamos sempre à mercê das direções e coordenações, quando acontece alguma coisa eles sempre vão favorecer os funcionários, e isso cria um ambiente muito inseguro para nós, acho que a organização das mulheres dentro das escolas dá uma esperança de que estamos construindo um mundo melhor”
A raiva pelo dia-a-dia sofrido se transforma em combustível e essa necessidade de organizar a luta coletiva faz cair por terra qualquer ideia de que política é só para os homens, brancos e ricos, como dizem os capitalistas.
Entender a necessidade da construção de uma sociedade nova como solução para o problema do machismo e enxergar na luta coletiva a única possibilidade para os problemas mais urgentes é uma peça chave. É por isso que hoje nas fileiras do Movimento de Mulheres Olga Benário, contamos com companheiras muito novas, que veem na luta do feminismo marxista, a única salvação de suas vidas. Mulheres guerreiras, que não hesitam em construir luta contra os assédios e as questões mais urgentes, mas que sabem que a principal luta deve ser para pôr fim ao capitalismo.
Por isso, as ideias de um movimento classista, feminista e socialista, que realmente contemple as mulheres pobres, jovens, pretas, trans, estudantes e mães, devem chegar em cada canto do mundo, pois assim como Lênin disse: “o êxito de uma revolução depende do grau em que dela participam as mulheres”. Só será possível acabar com a violência e por fim ao patriarcado com a tomada revolucionária do poder em nosso país, e as mulheres, em especial as jovens, com todo seu ímpeto revolucionário, estarão na linha de frente.