Durante os treze dias de conferência, líderes mundiais se sucederam em discursos nos quais juravam que defendiam o meio ambiente, mas nenhum deles se comprometeu com as metas necessárias para acabar com a crise climática.
Felipe Annunziata | Redação Rio
INTERNACIONAL – Entre 31 de outubro e 12 de novembro, aconteceu em Glasgow, capital da Escócia, a COP 26. Conhecida como a Cúpula do Clima, é uma reunião de governos e setores da sociedade para debater a crise do meio ambiente no mundo.
O evento, organizado pela ONU, se reúne desde 1995 e tem como proposta fundamental chegar a acordos que mantenham os lucros dos grandes capitalistas e, ao mesmo tempo, amenizem a crise do meio ambiente causada pela poluição gerada pelo próprio capitalismo. Na prática, é mais uma tentativa do imperialismo de salvar seu interesses em vez das necessidades de todo o mundo.
Ano após ano, a situação ambiental no mundo vem piorando. Cada vez mais florestas são desmatadas, desastres naturais, como enchentes e secas, ocorrem com mais frequência e países inteiros ameaçam sumir do mapa por conta do aumento do nível do mar.
Hipocrisia burguesa
Durante os treze dias de conferência, líderes mundiais se sucederam em discursos nos quais juravam que defendiam o meio ambiente, mas nenhum deles se comprometeu com as metas necessárias para acabar com a crise climática.
A Índia, país com mais de 1 bilhão de habitantes e um dos maiores poluidores do planeta, só se comprometeu a neutralizar a poluição em 2070. Já o Brasil e os países ricos, como EUA e União Europeia, se comprometeram a fazer o mesmo apena em 2050.
As grandes empresas capitalistas, junto com os governos que controlam, aproveitaram o evento para enaltecer as novas “tecnologias verdes”: carros elétricos, agronegócio “sustentável”, fundos de financiamento e outras ideias que aumentam seus lucros, mas não salvam o planeta da catástrofe.
De fato, carros elétricos, amplamente usados na Europa e nos EUA, são produzidos com minérios extraídos de países como o Brasil. Aqui, a mineração está desmatando a floresta, matando rios, assassinando pessoas e destruindo comunidades indígenas e quilombolas. Ou seja, o carro elétrico “verde” usado pelos países ricos é feito com a destruição do meio ambiente nos países dependentes.
Para mostrar que “se preocupam” com a natureza, os homens mais ricos do mundo se comprometeram a doar 1,7 bilhão de dólares para comunidades indígenas e locais. Pode parecer muito, mas esse valor equivale a menos de 1% da fortuna do maior bilionário do mundo, o magnata Jeff Bezos, dono da Amazon. Uma hipocrisia.
Defender o meio ambiente é uma tarefa dos povos
Durante a COP 26, movimentos sociais de todo o mundo se uniram em Glasgow para protestar contra o teatro protagonizado pelos governos burgueses. A principal denúncia era que governos e empresários não estavam fazendo o suficiente para acabar com a crise climática.
Outra denúncia feita foi contra o processo de genocídio dos povos indígenas em curso no Brasil. Os manifestantes levantaram a importância das terras indígenas e quilombolas demarcadas para a preservação das florestas e rios.
Única brasileira a falar na abertura da COP 26, a indígena Txai Suruí denunciou os ataques aos povos originários e a conciliação dos governos com desmatadores e o agronegócio: “Precisamos de um caminho diferente. Não é 2030 ou 2050. É agora! Enquanto vocês fecham os olhos para a realidade, os defensores da terra são assassinados por defender a floresta. Os povos indígenas estão na linha de frente da emergência climática e nós precisamos estar no centro das decisões tomadas aqui”, disse Suruí.
Logo, cabe aos povos a tarefa de pegar em suas mãos a bandeira de luta em defesa do meio ambiente, da vida e do futuro da humanidade. Não será nenhum governo burguês ou grande empresa capitalista que evitará a catástrofe que nos ameaça.