Julia Poletto e Paulo Henrique Pinheiro
SANTO ANDRÉ – Desde o início da pandemia, o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do ABC (DCE-UFABC), dirigido pelo Movimento Correnteza, tem realizado atividades presenciais através das brigadas de solidariedade e ações em apoio aos estudantes mais vulneráveis e trabalhadores terceirizados, e também através de atos locais denunciando os cortes na educação e em defesa da universidade pública e de qualidade, com a confecção de faixas e panfletagem entre os carros com falas de agitação.
Porém, com o avanço dos grandes atos pelo Fora Bolsonaro, a perspectiva de fechamento da UFABC em novembro de 2021 e o progresso da vacinação contra a Covid-19, foi discutido na diretoria da entidade sobre a necessidade da realização de uma assembleia presencial. Contando também com rodas de conversa sobre o ingresso na universidade, sobre como o feminismo se organiza na prática e sobre a atuação da Diretoria de Solidariedade, no dia 07 de agosto, antecedendo o ato do Dia do Estudante (11 de agosto), reuniram-se no campus de Santo André da UFABC cerca de 100 estudantes, tendo também a presença e contribuição de representantes das entidades estudantis, da reitoria da Universidade e de sindicatos da região do ABC.
A mesa contou com a presença de Isis Mustafa, militante do Movimento Correnteza, ex-presidente do DCE-UFABC e atual secretária-geral da União Nacional dos Estudantes (UNE). Comentando sobre a importância dessa atividade, Isis pontuou três questões principais: A primeira delas, foi que a assembleia cumpriu com a função de mostrar que é possível retomar, organizar e aprofundar nossa capacidade de luta nesse período da pandemia. A segunda, foi que a atividade, por ser presencial, possuiu uma outra força, um outro poder de mobilização, uma discussão mais profunda e que possibilitou aos estudantes que nunca estiveram na universidade antes, uma motivação para seguir na luta. Por último, ressaltou que o Governo Bolsonaro é desmantelado na medida em que as lutas de rua avançam, portanto, as assembleias e plenárias presenciais devem se multiplicar pelo país, com a defesa de que as universidades devem estar abertas, pois universidade fechada é interesse dos fascistas, e que é preciso de orçamento para adequar as instituições para receber os estudantes.
A assembleia resultou em diversas propostas voltadas aos assuntos discutidos nas rodas de conversa e sobre a participação da comunidade acadêmica nas lutas em defesa da universidade. Durante a assembleia foi anunciada a liberação de verba orçamentária, garantindo a conclusão das atividades da UFABC neste ano. Essa conquista é fruto das mobilizações de rua e do constante diálogo com os discentes.
Já no dia 05 de setembro, sabendo da importância de estar organizado e no intuito de constituir um movimento estudantil combativo, o Diretório Central dos Estudantes realizou, de forma presencial, um Seminário de Gestão na casa de passagem regional Carolina Maria de Jesus, para mulheres vítimas de violência. As pautas, conjuntura e organização, trouxeram uma reflexão de todas as lutas travadas até então e impulsionou os próximos passos dos estudantes da UFABC, e antecedendo a investida fascista que ocorreria no dia 07 de setembro, o seminário cumpriu sua função trazendo estudos e mostrando a necessidade do povo estar na rua reivindicando seus direitos.
A organização, serviu para definir uma executiva ampliada devido ao crescimento do DCE ao longo das manifestações contra o genocida Bolsonaro e também alinhar as lutas estudantis, dessa vez, dentro da universidade, visto que ocorreram cortes nos números de bolsas.
Laura Passarella, atual presidente da entidade, comentou: “O seminário cumpriu com a função de preparar o DCE que voltou com as atividades presenciais e que nunca saiu das ruas fazendo brigadas de solidariedade e participando dos atos contra Bolsonaro, prezando sempre pela qualidade e segurança.”
Desse modo, torna-se cada vez mais necessário que nossas entidades possam organizar eventos e atividades presenciais, a fim de organizar e coesionar a luta dos estudantes em direção a derrubada deste governo da fome, do desemprego e da morte.