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sábado, 2 de novembro de 2024

O Congresso da UP e a conjuntura atual

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Militantes da UP na Avenida Paulista, São Paulo. Foto: Jorge Ferreira / JAV SP

Leonardo Péricles


Vivemos, no Brasil, um agravamento da crise econômica. Esta crise maior acaba sendo responsável pelo desenvolvimento de outras crises.

Enquanto, de um lado, cresce a concentração e a centralização de riquezas nas mãos de menos gente, do outro lado crescem a pobreza e a miséria para a maioria da população. Segundo a revista Forbes, surgiram no Brasil 42 novos bilionários somente no primeiro semestre de 2021.

Enquanto isso, 25% da força de trabalho se encontra desempregada e 116 milhões de pessoas vivem em insegurança alimentar, segundo o IBGE. Ao mesmo tempo, há um aumento significativo do custo de vida com constantes aumentos nos preços dos alimentos, combustíveis, gás e energia elétrica.

São números de uma crise social de grande dimensão, que acontece ao mesmo tempo que outras crises se desenvolvem. Os mais de 600 mil mortos por Covid-19 no Brasil revelam a pior crise sanitária de nossa história. E, dentro deste contexto, estamos diante da maior crise política desde o final da ditadura militar devido às ações do governo dos generais e dos banqueiros que têm à frente o fantoche Bolsonaro.

A saída para as classes ricas é o aumento da exploração e da opressão sob os trabalhadores e o povo em geral, visando a ampliar sua taxa de lucro. Por isso as reformas antipopulares, os cortes nos orçamentos sociais, as privatizações, o aumento da repressão e da violência.

Diante desse quadro, as chamadas “instituições democráticas” não levaram a cabo sequer um pedido de impeachment, mesmo com flagrantes crimes de responsabilidade e crimes contra a humanidade praticados pelo governo federal. Estas instituições serviram mesmo para ampliar os ataques aos direitos da classe trabalhadora. Na prática, não passam de instituições burguesas, defensoras de uma democracia plena para os muito ricos, mas limitada e hipócrita para os pobres.

Como nos ensina a história, somente uma grande mobilização popular pode mudar essa situação. Alternativas começam a surgir. O que se exige da esquerda, nessa situação, é criar condições para o povo acertar suas contas com o passado do Brasil, colonialista, escravista, racista e patriarcal. O momento é de luta!

Pela construção de uma alternativa revolucionária

Na disputa das classes sociais pelos rumos político, econômico e social da sociedade, algumas vias podem se sobrepor a outras. A via do fascismo, por exemplo, ocupa hoje o governo federal, tem influência decisiva no Alto Comando das Forças Armadas e conta com o apoio da grande burguesia, pois garante sua política econômica quase que integralmente. Essa via busca consolidar o golpe institucional, ganhando força e gradativamente criando as condições para um golpe militar, mas falta-lhe ainda apoio internacional e uma maior base social no país.

A via liberal busca se apresentar como “terceira via”. Perdeu força nesse último período para o fascismo, foi corresponsável pelo golpe institucional de 2016 e por uma série de reformas e ataques aos direitos sociais nos últimos anos e está representada por partidos como o PSDB, o DEM e o PSD, por parlamentares do chamado “Centrão” e organizações reacionárias como MBL e o Vem pra Rua.

A outra via que disputa a hegemonia na sociedade é a da social-democracia. Ela esteve no governo de 2003 a 2016. Consegue aglutinar diversas organizações do campo popular que têm influência nos sindicatos e movimentos sociais em geral. Há nesse campo também outros partidos e organizações que também buscam a chamada “conciliação de classes”, realizando alianças com setores das classes dominantes e seus partidos de direita. Para isso, rebaixa o programa de esquerda, retira dele pontos centrais para que o Brasil rompa com seu passado de submissão, realize a reforma agrária, a auditoria da dívida pública, reestatização das empresas privatizada, dentre outros.

Essas três vias estão bem definidas na sociedade, têm suas representações estabelecidas e disputam os rumos do país. Mas a nós, lutadores e lutadoras sociais que não estamos dispostos a abandonar nosso programa, o programa histórico da esquerda que ainda se encontra por realizar, cabe desenvolver outra via, a via revolucionária, da luta pelo poder popular e pelo socialismo. Esta é a via menos desenvolvida no momento atual. Sem dúvida, uma de suas principais expressões hoje é a Unidade Popular.

As tarefas do 2º Congresso da UP

Forjar um partido revolucionário e popular e derrotar o fascismo é a principal tarefa da esquerda no Brasil no momento atual. A partir deste objetivo, o 2º Congresso Nacional tomará decisões sobre algumas tarefas de extrema urgência.

A primeira é que a organização do partido deve se pautar principalmente no fortalecimento e construção dos nossos núcleos de base a partir do local de moradia, estudo e trabalho. Nossos núcleos devem ser de estudo e luta, devem ser escolas permanentes de formação política e ideológica, priorizando a organização de núcleos nas periferias, nos bairros pobres, nos interiores de todo o país.

Filiar milhares de trabalhadores e trabalhadoras, fazer com que nosso partido se torne um gigantesco partido da classe trabalhadora e do povo. Cabe aqui destacar que no último ano, a UP cresceu 44% o número de seus filiados. 

A segunda questão é que precisamos fazer com que a UP seja cada dia mais um partido de lutas, de enfrentamentos pelos direitos do 

povo. Onde houver filiados e filiadas da UP, deve haver indignação, revolta, devemos ser a referência do povo para todas as suas reivindicações, desde lutas por direitos econômicos até as lutas políticas centrais. Exemplo disso tem sido a participação marcante da Unidade Popular nos atos unificados pelo Fora Bolsonaro em todo o país.

Terceiro, devemos desencadear uma ampla propaganda das nossas propostas para o enfrentamento à crise: avançar na luta pelo Fora Bolsonaro (principalmente nas periferias); anulação das reformas feitas após o golpe de 2016 (trabalhista, previdenciária, teto de gastos – EC 95), punição aos torturadores e assassinos da ditadura militar; fim da repressão policial contra o povo pobre e negro; rejeição da PEC da Reforma Administrativa; não ao Marco Temporal contra os povos indígenas; barrar as privatizações dos Correios, Eletrobrás, Petrobras, Caixa Econômica e Banco do Brasil; suspensão e auditoria cidadã da dívida pública; redução do preço dos alimentos, do gás de cozinha, da energia elétrica e dos combustíveis.

E quarto, nosso partido deve se tornar uma máquina de propaganda do socialismo e da revolução social. Sem isso, não é possível ganhar o povo para nossas ideias.

Nestes momentos de grandes crises, nossos objetivos futuros, estratégicos, aproximam-se dos objetivos mais imediatos, da nossa tática. Preparemos nosso partido, pois se avizinha um maior acirramento da luta de classes e devemos forjar a UP para a guerra. Avante a Unidade Popular!

Leonardo Péricles é presidente nacional da Unidade Popular

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