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domingo, 22 de dezembro de 2024

Operações policiais no Rio de Janeiro causam centenas de mortes, aponta pesquisa

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Policiais civis durante a Chacina do Jacarezinho, em Maio. Foto: Ricardo Moraes/Reuters

O Instituto Fogo Cruzado revela que as operações e ações policiais são responsáveis por grande parte das mortes por armas de fogo no Rio de Janeiro. A maior parte dos casos registrados ocorreram em áreas periféricas, como São Gonçalo, Baixada Fluminense e zonas oeste e norte da capital.

Redação Rio

RIO DE JANEIRO – A pesquisa foi realizada pelo Instituto Fogo Cruzado, plataforma que registra dados de violência armada no Rio de Janeiro. Foi apontado que as operações e ações policiais são responsáveis por grande parte das mortes por armas no Rio de Janeiro.

Apenas no mês de agosto, 112 pessoas foram baleadas em ações e operações policiais na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

O número de atingidos pelas balas nestas ocasiões superou a quantidade de tiroteios, que neste mês foram 93 em ações policiais. Um saldo de 1 baleado em média a cada ação e operação policial.

Em comparação com setembro, quando foram registrados 286 tiroteios com 131 pessoas baleadas (sendo 61 mortas e 70 feridas), outubro apresentou aumento de 36% de mortos, de 29% de feridos e 18% de tiroteios.

Aumento de 18% de vítimas na capital

O número de mortes por armas de fogo na cidade do Rio esse ano já é maior do que o registrado em todo o ano passado. O total dos dez primeiros meses de 2021 é de 337, superando em 4% a soma das mortes de 2020, quando houve 313 vítimas

Os estudos concluem que o período de março, abril e maio foi o mais violento, somando 126 mortes. Na comparação com os mesmos meses de 2020, o aumento foi de 43%. 

Foi precisamente em maio que aconteceu a chacina mais letal da história do estado, na favela do Jacarezinho, na Zona Norte da capital. 28 pessoas foram mortas no massacre policial encomendado pela Polícia Civil.

Uma das vítimas da violência neste ano foi Kathlen Romeu, um mês após a Chacina do Jacarezinho. Ela tinha 24 anos, estava grávida e morreu com um tiro que partiu de policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) durante uma operação no Lins.

Todo esse verdadeiro genocídio ocorre apesar de uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que, em junho do ano passado, proibiu operações policiais em comunidades do Rio durante a pandemia.

103 crianças foram baleadas em 5 anos

A pesquisa também revela que em cinco anos, 103 crianças foram baleadas na região metropolitana do Rio e 30 morreram por conta de tiros.

Os casos em favelas representam 62% do total. Em metade deles, as comunidades recebiam operações policiais no momento do disparo.

Somente entre 1º de janeiro e 12 de outubro de 2021, 9 crianças foram baleadas na região metropolitana do Rio. 

Outro levantamento do Fogo Cruzado mostrou que, de 1º de junho de 2017 a 08 de junho deste ano, 15 grávidas foram baleadas na região metropolitana do Rio.

A onda de violência demonstra a debilidade do sistema capitalista, que tem imposto uma política de extermínio da população pobre e negra. O objetivo dessa política é garantir os privilégios dos banqueiros e empresários que lucram com o tráfico de drogas e armas, que tem na capital fluminense um dos seus principais territórios.

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