Beatriz Zeballos e Luis Henrique Chacon
SÃO PAULO – A invisibilidade e descaso do governo contra a população em situação de rua, formada em parte por trabalhadoras e trabalhadores que perderam sua única fonte de renda por conta da pandemia, expressa a as contradições que envolvem o sistema capitalista. O Jornal A Verdade entrevistou pessoas em situação de rua no centro de São Paulo.
A violência é constantemente abordada pelas pessoas; a morte, os abusos de policiais e de funcionários da prefeitura, a falta de segurança e as humilhações envolvem o cotidiano do povo que está nas ruas. Todos os entrevistados relataram casos de mortes, abusos de autoridade e negligência. Normalmente os envolvidos são policiais e funcionários da prefeitura de SP; casos onde jatos de água foram utilizados para tirar as famílias de um espaço do centro; ameaças de assistentes sociais em retirar as crianças das mães quando elas vão pedir ajuda e diversas violências e negligências policiais;
“ o marido de uma amiga nossa que mora aqui com a gente foi morto meses atrás na rua de baixo, ninguém ajudou ele, a GCM tava aqui do lado e não foi prestar socorro. Nossa amiga entrou em depressão, foi uma tristeza só” , relata Dona Maria, desempregada, mãe de 7 crianças, moradora da Sé. Ela continua: “pra eles a gente não tem valor, a polícia passa aqui, se tiver uma criança no meio, eles tira a gente como lixo. Aí quando vem doação, sabe o que acontece, eles embaçam. Eles são contra ajudar o povo. A gente aqui sofre muito preconceito, a gente não tem sossego…pra eles só têm valor as dondocas, os patrão”
“ Na rua você tem que dormir com um olho aberto e outro fechado, aqui a gente não tem proteção, a polícia só vem quando a gente já morreu…já morreu várias pessoas e a polícia não faz nada, mesmo estando do lado…eles não protegem morador de rua’”
Além de todo o perigo que rodeia a vida dessas pessoas, a insegurança alimentar e as humilhações para conseguir comida e produtos básicos como fralda fazem parte da vida de quem vive nas ruas. Dona Maria continua: “na Sé veio 3 vezes marmita azeda, você abria a marmita, dava até nojo; as pessoas nos tiram de cachorro. Quando vem marmita, vem estragada, quando não vem você tem que dar um jeito; tem que “manguear”, tem que pedir”
Na entrevistas foi evidente a repulsa pelo governo Bolsonaro e sua falta de políticas públicas direcionadas à população de rua. Diversas vezes foi citado o quanto a vida ficou mais difícil depois que Bolsonaro assumiu o Poder.
“ Antes do Bolsonaro entrar tinha menos pessoas na rua, depois que o Bolsonaro entrou parece que a situação piorou; as pessoas ficou desempregadas, as pessoas não tem o que comer em casa, as pessoas estão recebendo mais humilhação… Hoje as pessoa em situação de rua aumentou muito, é muito morador de rua com família, com criança, com marido. Bolsonaro não ta fazendo merda nenhuma, o bolsonaro só tá esculachando o povo… bolsonaro só atrapalhou nossa vida”
O povo trabalhador unido, ao lado de todos que sofrem com as injustiças do sistema capitalista, derrubará todos os seus exploradores. Construiremos uma sociedade nova onde todos tenham o seu direito à moradia garantido, tenham o direito de colocar seus filhos na escola em segurança e com qualidade, tenha o direito de trabalhar e viver dignamente. Grazi, também desempregada e em situaçao de rua no Parque Dom Pedro II, próximo da Sé, resume o sentimento da maioria da população: “o povo no poder seria bom, que o povo mandasse; a voz do povo; a democracia regida por todos…, seria o mundo melhor, o mundo novo, seria nós.”