UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

domingo, 22 de dezembro de 2024

“Pra eles a gente não tem valor”, a realidade das pessoas em situação de rua no centro de SP

Outros Artigos

Praça da Sé no centro de São Paulo concentra número cada vez maior de pessoas sem moradia. Foto: Beatriz Zeballos / Jornal A Verdade

Beatriz Zeballos e Luis Henrique Chacon


SÃO PAULO – A invisibilidade e descaso do governo contra a população em situação de rua, formada em parte por  trabalhadoras e trabalhadores que perderam sua única fonte de renda por conta da pandemia, expressa a as contradições que envolvem o sistema capitalista. O Jornal A Verdade entrevistou pessoas em situação de rua no centro de São Paulo.  

   A violência é constantemente abordada pelas pessoas; a morte, os abusos de policiais e de funcionários da prefeitura, a falta de segurança e as humilhações envolvem o cotidiano do povo que está nas ruas. Todos os entrevistados relataram casos de mortes, abusos de autoridade e negligência. Normalmente os envolvidos são policiais e funcionários da prefeitura de SP; casos onde jatos de água foram utilizados para tirar as famílias de um espaço do centro; ameaças de assistentes sociais em retirar as crianças das mães quando elas vão pedir ajuda e diversas violências e negligências policiais;

“ o marido de uma amiga nossa que mora aqui com a gente foi morto meses atrás na rua de baixo, ninguém ajudou ele, a GCM tava aqui do lado e não foi prestar socorro. Nossa amiga entrou em depressão, foi uma tristeza só” , relata Dona Maria, desempregada, mãe de 7 crianças, moradora da Sé. Ela continua: “p
ra eles a gente não tem valor, a polícia passa aqui, se tiver uma criança no meio, eles tira a gente como lixo. Aí quando vem doação, sabe o que acontece, eles embaçam. Eles são contra ajudar o povo. A gente aqui sofre muito preconceito, a gente não tem sossego…pra eles só têm valor as dondocas, os patrão”  

“ Na rua você tem que dormir com um olho aberto e outro fechado, aqui a gente não tem proteção, a polícia só vem quando a gente já morreu…já morreu várias pessoas e a polícia não faz nada, mesmo estando do lado…eles não protegem morador de rua’


Além de todo o perigo que rodeia a vida dessas pessoas, a insegurança alimentar e as humilhações para conseguir comida e produtos básicos como fralda  fazem parte da vida de quem vive nas ruas.  Dona Maria continua: “na Sé veio 3 vezes marmita azeda, você abria a marmita, dava até nojo; as pessoas nos tiram de cachorro. Quando vem marmita, vem estragada, quando não vem você tem que dar um jeito; tem que “manguear”, tem que pedir”    

Na entrevistas foi evidente a repulsa pelo governo Bolsonaro e sua falta de políticas públicas direcionadas à população de rua. Diversas vezes foi citado o quanto a vida ficou mais difícil depois que Bolsonaro assumiu o Poder. 

“ Antes do Bolsonaro entrar tinha menos pessoas na rua, depois que o Bolsonaro entrou parece que a situação piorou; as pessoas ficou desempregadas, as pessoas não tem o que comer em casa, as pessoas estão recebendo mais humilhação… Hoje as pessoa em situação de rua aumentou muito, é muito morador de rua com família, com criança, com marido. Bolsonaro não ta fazendo merda nenhuma, o bolsonaro só tá esculachando o povo… bolsonaro só atrapalhou nossa vida”

O povo trabalhador unido, ao lado de todos que sofrem com as injustiças do sistema capitalista, derrubará todos os seus exploradores. Construiremos uma sociedade nova onde todos tenham o seu direito à moradia garantido, tenham o direito de colocar seus filhos na escola em segurança e com qualidade, tenha o direito de trabalhar e viver dignamente. Grazi, também desempregada e em situaçao de rua no Parque Dom Pedro II, próximo da Sé, resume o sentimento da maioria da população:  “o povo no poder seria bom, que o povo mandasse; a voz do povo; a democracia regida por todos…, seria o mundo melhor, o mundo novo, seria nós.”

 

Conheça os livros das edições Manoel Lisboa

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes