Sem teto de gastos para banqueiros: Governo aumenta Selic e destina R$ 75 bi para Dívida Pública

115
FINANCEIRIZAÇÃO – Sexto aumento consecutivo da taxa Selic atende aos interesses do capital financeiro. (Foto: Reprodução)

Na última quinta-feira (28), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou o aumento da taxa Selic em 1,5 pontos percentuais, chegando aos 7,75% ao ano, o maior valor desde 2017. Com isso, enquanto o mundo adota taxas de juros reduzidas para estimular as economias duramente afetadas pela pandemia, o Brasil segue na contramão. É a sexta vez que o Banco Central aumenta a taxa básica de juros só neste ano.

Carolina Matos


SÃO PAULO – Em ata, o Copom afirma que decidiu por unanimidade pelo aumento da taxa Selic para conduzir a inflação às metas estabelecidas até 2023. A análise conjuntural do Banco Central parte da teoria de que, diante de um dito excesso de dinheiro circulando na economia, a taxa de juros mais elevada deixaria o dinheiro “mais caro”, restringindo o acesso ao crédito e freando a circulação monetária, o que, supostamente, estabilizaria os preços. 

No entanto, a experiência de décadas têm demonstrado que essa teoria neoliberal não corresponde à realidade. A inflação, que chegou a 10,34% no acumulado do ano, não está alta por excesso de demanda ou de dinheiro em circulação. 

Os principais fatores que explicam a elevação dos preços são a desvalorização do real frente ao dólar, que faz os grandes empresários atrelarem seus preços e buscarem lucros em moeda estrangeira e o aumento dos preços administrados pelo governo, como os preços do combustível, do fornecimento de água e da energia elétrica.

Mas para que serve o aumento da taxa básica de juros (Selic)?

Segundo a Instituição Fiscal Independente (IFI), o acréscimo de 1 ponto percentual (p.p.) na taxa Selic gera um aumento de R$ 53 bilhões em juros da dívida pública. Logo, o aumento de 1,5 p.p. proporcionou R$ 75 bilhões a mais por ano, abocanhados pelos bancos e grandes ricos detentores de títulos da dívida.

O governo Bolsonaro, permissivo à especulação no mercado câmbio e à acentuada desvalorização do real, empenhado em aprovar reformas para precarizar serviços públicos e priorizando a distribuição de lucros da Petrobrás em vez do consumidor final, atendeu prontamente os interesses dos especuladores e dos grupos econômicos ansiosos por privatizações e grandes lucros. 

A política macroeconômica vigente está agora coroada pelo mercado financeiro com a alta na taxa de juros, que aguarda mais um aumento até o fim do ano. Assim, enquanto para os trabalhadores existe o teto de gastos sociais, que traz fome, desemprego, desvaloriza servidores e retira inúmeros direitos da juventude, para os ricos, por outro lado, o céu é o limite.