Louise Ferreira, UJR.
No dia 25 de novembro, o Movimento de Mulheres Olga Benário ocupou um prédio abandonado há mais de 6 anos no Centro Histórico de Salvador. Com o objetivo de formar a Casa de Referência para Mulheres Preta Zeferina, nasceu a primeira ocupação de mulheres do Norte e Nordeste.
Em sua segunda semana de existência foi realizado o Samba da Zeferina. A primeira edição desse evento cultural seguiu todos os protocolos de segurança. Com direito a música ao vivo e feijoada, alguns artistas também levaram seus trabalhos para venda e divulgação. Os ingressos foram vendidos por um valor simbólico para arrecadar finanças e sustentar a casa e promover um espaço seguro para mulheres. Os ingressos venderam feito água, em menos de 6 horas já haviam esgotado e no evento estiveram presentes mais de 100 pessoas. Aqueles que não conseguiram ir, desde já pedem por outra edição.
A Casa Preta Zeferina, além de realizar o combate a violência contra à mulher também é um espaço de criação e incentivo à cultura popular. Mas não somente isso, promove cultura em um ambiente no qual as mulheres podem se divertir tranquilamente, pois nenhuma prática machista será aceita. Entre as atrações, tivemos a banda Tangolo Mangos, membros do coletivo Jenipapo, Não é Novo Mas é Quarteto e Venuz.
Durante a atividade, apresentamos o Movimento de Mulheres Olga Benário e as frentes de luta irmãs que também combatem o sistema capitalista. Todas as falas reforçaram a importância da organização das mulheres nessa conjuntura. É preciso reivindicar mudanças nas políticas machistas dentro dos nossos locais de atuação, tendo em mente que é preciso construir o socialismo e lutar até que mais nenhuma seja vítima do sistema patriarcal-capitalista. Neste momento foi distribuído a edição de novembro do Jornal A Verdade para os presentes propondo que o debate não ficasse somente dentro daquele espaço.
Ao final do evento ocorreu a estreia do documentário Casa Preta Zeferina, o qual mostra o processo de ocupação e resistência das mulheres. O curta-metragem levanta o debate de que a Bahia é o estado que mais mata mulheres em todo o país, sendo 3 vezes mais mulheres negras. O documentário foi construído com o apoio da Brado Estúdio e dos militantes Samira Teixeira, Comuna (Ícaro Vergne) e Louise Ferreira, arrancando lágrimas emocionadas dos que estavam assistindo.
Finalizamos o Samba da Zeferina com uma imensa alegria e satisfação pelo sucesso que foi a primeira edição, por todo apoio prestado a casa com doações ou divulgando o espaço e pelas mulheres interessadas no movimento, em lutar conosco até que todas sejamos livres da opressão e exploração pelo sistema patriarcal-capitalista.