Movimento de Mulheres Olga Benario
Dia 1º de fevereiro foi escolhido como o Dia Nacional pelo Direito à Creche pelo Movimento de Mulheres Olga Benario, com apoio da Unidade Popular, UJR, MLB e MLC. Em pelo menos 13 cidades do país – Belo Horizonte (MG), Natal (RN), Fortaleza (CE), São Paulo (SP), Mauá (SP), Belém (PA) Florianópolis (SC), Planaltina (DF), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Vila Velha (ES), João Pessoa (PB), e Jaboatão dos Guararapes (PE) – realizamos atos, panfletagens, lambes e colagens de cartazes nas secretarias de educação desses municípios.
A denúncia é pela falta de creches e pré-escolas para 9 a cada 20 crianças de 0 a 5 anos – somando 7,5 milhões de abandonados pelo Estado – e também pelas condições de vida e de trabalho das que mais sofrem com essa ausência de vagas: as mulheres, sobre quem recai, na maior parte dos lares, a responsabilidade por todos os afazeres domésticos, cuidados com crianças e idosos, além de terem de trabalhar e/ou estudar fora para garantir seus sustentos.
Como afirmava Alexandra Kollontai, grande revolucionária na União Soviética: “a mulher sempre possuiu, sobre suas costas, os afazeres domésticos, tornando-se escrava desses afazeres. Isso ocorre pois, muitas vezes, não havendo coletivização das tarefas de casa, ela torna-se a única a realizá-las”. Não é à toa que, durante a pandemia, o trabalho doméstico é realizado por 4 horas a mais que o usual pelas mulheres, sequenciando uma piora drástica na saúde mental delas, conforme Fiocruz.
É determinante, para a libertação da mulher em relação à escravidão doméstica, a socialização desses afazeres, com creches, restaurantes e lavanderias populares, por exemplo. Por isso, na luta pela emancipação de todas as mulheres, a batalha por mais creches na cidade deve ser crucial, principalmente para atrair ainda mais pessoas a fim de se organizar politicamente.
Com as mobilizações em um mesmo dia espalhadas pelo Brasil, esperamos a conquista de vagas emergenciais para as famílias mais necessitadas e, também que haja mais construções de creches, para atender a demanda existente. As mobilizações acontecem, especialmente, para chamar a atenção da sociedade e do poder público para o tamanho do descaso que é a negação do direito básico à educação, ao cuidado, à alimentação, à infância e ao desenvolvimento psicopedagógico que o ensino infantil representa.
“Pra trabalhar
Pra estudar
Por creche eu vou lutar”