CIPOML denuncia natureza imperialista da guerra na Ucrânia

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“PELA UNIDADE DOS TRABALHADORES E DO POVO EM DEFESA DO PROGRESSO SOCIAL, POR DIREITOS DEMOCRÁTICOS, E PELO RESPEITO À PAZ E A SOBERANIA POPULAR!”

Reproduzimos na íntegra a declaração da Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas (CIPOML), que defende direitos para a classe trabalhadora e convoca as massas à luta contra a ameaça da guerra imperialista.

                       

Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas (CIPOML)

Tradução e Adaptação: Thales Caramante

 

Os ventos de uma guerra estão soprando novamente na Europa. A propaganda de guerra é intensa. Na Ucrânia e em seu entorno continua a crescer a maior concentração de forças armadas desde a Segunda Guerra Mundial. A atual tensão pode se transformar em uma guerra que se expandirá para outros países.

O conflito atual é interimperialista. Este é seu caráter fundamental, sua marca está em todos os eventos que ocorrem diariamente.

Na origem do atual conflito, há contradições interimperialistas entre os Estados Unidos e a Rússia, junto com a China na retaguarda. Para uma nova divisão do mundo, há a intensificação da luta pelos mercados e esferas de influência econômica e política, pela pilhagem dos recursos naturais, pelo controle dos recursos energéticos, especialmente o gás, e pela exportação de capital. Uma luta que se intensificou em meio à crise econômica e à pandemia, que determinou mais rupturas e instabilidades nas relações internacionais.

O conflito existente não surgiu de repente, ele foi preparado há muito tempo através de décadas de política de guerra, expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e da União Europeia (UE) para o leste, sanções e provocações, mudanças de regime e conflitos locais na Ucrânia, corrida armamentista, lançamentos de mísseis, nacionalismo agressivo, treinamento de milícias fascistas e instrumentalização da crise com refugiados.

Os principais defensores da guerra são os Estados Unidos. Sua estratégia é manter e reforçar sua posição hegemônica no mundo. Consequentemente, sua política de guerra é dirigida a:

  • Conquistar as regiões e países que anteriormente estavam sob influência russa e incluí-los na OTAN;
  • Cercar militarmente a Rússia, enfraquecê-la economicamente para impedi-la de participar como um poderoso ator na guerra interimperialista;
  • Aumentar a legitimidade da OTAN e a coesão interna do bloco, disciplinando os aliados incertos como o imperialismo alemão que tem fortes relações econômicas com a Rússia e a China;
  • Infligir um golpe nas relações comerciais e energéticas dos países europeus com a Rússia (por exemplo, com o bloqueio dos gasodutos North Stream 2, a fim de enfraquecer os Estados e monopólios que precisam modernizar sua base industrial;
  • Criar a oportunidade de vender gás, petróleo, armas e aeronaves de combate para a Ucrânia e países da UE.

Não devemos esquecer que o principal rival do imperialismo americano é o social-imperialismo chinês. Eles não podem conter e confrontar a China sem o apoio de seus “aliados” imperialistas. Portanto, eles estão procurando criar uma atmosfera de Guerra Fria para reforçar sua liderança na Europa.

O declínio histórico do imperialismo americano, sua derrota no Afeganistão, a desaceleração de sua economia, a alta dívida e inflação, a perda de importância do dólar, as consequências dramáticas da pandemia, as tensões raciais e a perda de confiança do povo em seu governo são fatores que induzem o imperialismo americano a se concentrar na guerra para desviar a atenção dos problemas internos.

O imperialismo norte-americano está na ofensiva, mas a Rússia não é um “anjo da paz”, também é uma potência imperialista agressiva. As contradições capitalistas estão se aprofundando na Rússia e sua turma imperialista dominante está buscando uma salvação através do militarismo. Seu interesse na Ucrânia não é o de libertar o povo do regime reacionário local, mas de consolidar sua posição e salvar sua esfera de influência na região.

Ao mesmo tempo, a Rússia está fortalecendo sua relação com a China para enfrentar seus rivais ocidentais. Eles estão atuando juntos nos campos econômico, político, tecnológico e militar. O acordo assinado por seus gigantescos monopólios de fornecimento de petróleo e gás é um aviso direto aos países da UE que dependem em grande parte dos recursos energéticos russos.

Os EUA dizem que querem “trabalhar” em harmonia com a UE, mas é óbvio que existem contradições entre os Estados membros da UE e os EUA. As burguesias de diferentes países europeus não querem ser sacrificadas em uma guerra entre os EUA e OTAN contra a Rússia. Também é claro que vários governos vassalos da EU e da OTAN apoiam o plano Biden-Blinken e enviam tropas, tanques, aviões de guerra e navios na área ao redor da Rússia.

A União Europeia é Parte da Política de Guerra

Nesse contexto, alguns governos, forças políticas e sociais, apresentam a União Europeia (UE) como uma entidade que poderia agir em favor da “paz na Europa”. Na realidade, a UE no campo militar está intimamente ligada à OTAN, como sempre se afirma em cada Tratado — especialmente desde a Cúpula de Lisboa, em 2011, que decidiu desenvolver a política de defesa europeia, intimamente ligada à OTAN.

A UE, como uma construção imperialista, está participando da política de guerra. Muitos Estados, membros da UE enviaram forças militares para o destacamento da OTAN em torno do cerco à Rússia.

Devemos também denunciar a crescente militarização do norte da Europa, onde o imperialismo norte-americano reforça abertamente sua presença militar “contra o perigo russo”. O imperialismo norte-americano está reagrupando suas bases militares na Europa desde a época da Guerra Fria, agora querendo colocar bases militares na Dinamarca e na Noruega.

Alertamos para o perigo da disseminação de ilusões sobre a UE e denunciamos todas as tentativas de criar uma “união nacional” com a burguesia. Nenhuma confiança no “pacifismo” imperialista que paralisa as massas e na prática prepara a guerra. Somente a classe operária e as massas trabalhadoras podem parar a guerra imperialista, lutando resolutamente contra as classes dominantes.

Nossas Tarefas

Nós, como partidos e organizações Marxista-Leninistas da Europa, denunciamos a natureza imperialista da guerra e rejeitamos a política belicista de todas as forças imperialistas e capitalistas envolvidas.

Chamamos os trabalhadores e os povos a parar a guerra e a perigosa corrida armamentista, explicando que seu principal inimigo está em casa, em seus próprios países: a burguesia!

Para as massas trabalhadoras, os jovens, as mulheres, a guerra significa cada vez mais cortes nos gastos sociais, uma maior pressão para aumentar a exploração e reduzir os salários, a destruição dos direitos dos trabalhadores, bem como a construção de Estados policiais e uma maior pressão para recrutar jovens para os serviços militares.

A luta pela necessidade da classe trabalhadora e das massas populares está intimamente ligada à luta contra a guerra e o militarismo, pela verdadeira democracia, pela paz e pela solidariedade internacional.

Chamamos a classe trabalhadora de todos os países envolvidos no conflito a intensificar a unidade contra a burguesia de seu próprio país que lucra com a venda de armas e suprime os protestos dos trabalhadores. Trabalho, pão, serviços sociais, habitação, não à guerra!

Chamamos à luta contra a ideologia reacionária, chauvinista e fascista e a política de ódio e divisão entre proletários e povos oprimidos de diferentes países, desenvolvendo a solidariedade proletária e o internacionalismo.

Denunciamos e condenamos as alianças militares imperialistas, como a OTAN e a UE. Rejeitemos a política de guerra sob qualquer forma e pretexto, para apoiar o “nosso” imperialismo, ou para seguir uma potência imperialista contra outra.

Não aos créditos e despesas militares! O dinheiro deve ser usado para saúde, educação e transporte público, por um regime de trabalho estável e seguro, para aumentar os salários e reduzir o alto custo de vida.

Pela retirada imediata das tropas, armas e “assessores militares” enviados a outros países! Abaixo os ideólogos das políticas belicistas! Parem as manobras militares internacionais! Fora às alianças belicistas e antidemocráticas, como a OTAN e a EU! Não à expansão da OTAN, mas à dissolução desta organização de guerra e terror! Pelo fechamento das bases dos EUA na Europa!

Vamos desenvolver manifestações e lutas nos locais de trabalho, nas associações de massa, nas ruas, em todos os lugares! Vamos mobilizar a classe trabalhadora e as amplas massas populares contra os belicistas, condenando o sistema capitalista-imperialista que traz para os trabalhadores e povos apenas exploração, pobreza, doença, opressão e guerra! Uma saída revolucionária para a crise geral do capitalismo é cada vez mais necessária!

Fevereiro de 2022

Declaração do Encontro Europeu da Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas

                       

ASSINAM:

— Partido dos Trabalhadores da Dinamarca

— Partido dos Trabalhadores da França

— Organização pela Construção do Partido Comunista dos Trabalhadores da Alemanha

Plataforma Comunista: Partido Comunista do Proletariado da Itália

Revosjon: Organização Marxista-Leninista da Noruega

— Aliança Revolucionária dos Trabalhadores da Sérvia

— Partido Comunista da Espanha (Marxista-Leninista)

— Partido do Trabalho (EMEP) da Turquia