Candido Ribeiro
FRANCA (SP) – Na cidade de Franca, interior de São Paulo, uma injustiça que dura décadas ganha novos capítulos. Na volta às aulas, serviço e demais atividades, milhares de trabalhadores e estudantes enfrentam um grande problema no sistema de transporte público da cidade.
A empresa privada que o comanda e monopoliza, demitiu durante a pandemia mais da metade dos trabalhadores que prestavam serviços no município, gerando diversos problemas sentidos diretamente pelo consumidor, como redução gigantesca nos horários, dos ônibus disponíveis e a fusão (quando não exclusão) de diversas linhas.
Mais recentemente ainda, usando de uma premissa de redução de lucros durante a pandemia, a mesma em conluio fraudulento com a prefeitura, aumentou a passagem em R$ 0,70 fixando a tarifa comum em R$5,00, valor impossível para o bolso de qualquer brasileiro que está vivendo o alto custo de vida no país.
Malvina, trabalhadora com a qual nós conversamos, reclama deste aumento, além de uma espera cotidiana de uma hora para a condução no seu bairro, um dos principais pontos da cidade, a Estação está sendo retirado do trajeto.
O frentista Luiz Antônio relata o mesmo problema: “Na época da pandemia os ônibus do bairro pararam de passar depois das 20h, eu saía do trabalho às 21h e não havia ônibus para eu ir embora. Muitas vezes fui embora caminhando do bairro Estação até o meu. Outro problema é que, antes meu ônibus passava no terminal e depois na estação, mas agora só passa no terminal, sendo assim tenho que pegar dois ônibus para ir e dois para voltar.”[…] Vejo o preço só aumentando, e a qualidade só piorando.”
Jenifer, outra operaria no serviço de limpeza tem que pegar ônibus todo dia, e explica que esta situação vem se desenrolando antes mesmo da pandemia, “Os ônibus vem lotados em condições desumanas com pessoas antes da catraca.”
Outra a expor a lotação é Jeniffer, estudante que conta que na sua volta pra casa o ônibus tem de deixar pessoas para trás, para poder seguir viagem. A tarifa paga por ela (meia passagem) agora também sofre com o aumento, e ela já encontra dificuldades no transporte do dia-dia.
Um ex-motorista com quem conversamos disse que o histórico de abusos da empresa é grande, na época em que trabalhava não contava com horário de almoço e nem com pausa para o banheiro.
Os ônibus que rodam pela cidade pertencem em partes às frotas antigas e estão mal equipados, com falta de ar-condicionado e os elevadores (para o transporte de pessoas com deficiência) estão quebrados.
O que não falta no município é reação popular contra esses absurdos. Com este objetivo o Movimento Jovens pelo Transporte Público em conjunto com a União da Juventude Rebelião (UJR) surge e ganha força na cidade organizando diversos trabalhadores estudantes na luta por um transporte público e de qualidade.