Um ano de intervenção na Reitoria da UFCG

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Ministro da Educação negacionista dá posse ao interventor da UFCG

Guilherme Queiroz, militante da UJR


No dia 23 de fevereiro de 2021, estudantes da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) acordaram com a notícia que o candidato que ficou em último lugar na eleição da reitoria havia sido empossado por Bolsonaro. Esse golpe foi mais um em uma série de mais de 20 intervenções em universidades federais que foram promovidas pelo atual governo. As intervenções são feitas com intuito de empossar os candidatos mais alinhados com a política de desmonte da educação pública defendida por Bolsonaro que visa, como objetivo final, a privatização das universidades públicas.

 O cenário da última eleição da reitoria da UFCG não era, desde seu início, positivo. O voto dos estudantes e técnicos administrativos têm um peso de apenas 15% cada, cabendo ao voto dos professores a parcela de 70% do peso. Sobre essa completa falta de democracia, sustentou por anos a gestão de um mesmo grupo que, em 2019, se expressava pelo então reitor e candidato a novo mandato na reitoria Vicemário, que, durante suas gestões tomou medidas como o fim do Restaurante Universitário.

Como consequência do peso desigual de votos, Vicemário foi eleito novamente para a reitoria. Porém, devido a uma articulação com os setores mais reacionários, o último colocado na eleição, Antônio Fernandes, foi indicado como novo reitor da UFCG. Esse golpe colocou a democracia e os estudantes da UFCG em uma situação ainda pior do que já estava.

No decorrer do último ano desde o golpe na reitoria, o que se observou foi uma aceleração do desmonte da UFCG. Se a gestão de Vicemário havia precarizado, por exemplo, a quadra da universidade, a gestão de Antônio fez completa questão de ignorar a situação até que, 7 meses após o golpe, o teto da quadra desabou por completo.

Os interventores, Antônio Fernandes e Mário Eduardo, não só encobrem e não denunciam os cortes de verba feitos na UFCG por Bolsonaro, como trabalham ativamente esvaziando as verbas para assistência estudantil e sustentando posicionamentos negacionistas de Bolsonaro. Ainda nessa última semana, Antônio Fernandes se absteve na votação do passaporte vacinal na UFCG.

Ainda em colaboração com Bolsonaro, a reitoria interventora reprimiu, utilizando todo o contingente da guarda patrimonial da universidade, um protesto que aconteceria na visita do Ministro da Educação à UFCG. 

Lutar pela democracia universitária e contra o desmonte da UFCG

Hoje, a tarefa central do movimento estudantil na UFCG deve ser a luta contra a intervenção, contra os cortes e pelo retorno presencial seguro. É importante denunciar que na última reunião do Colegiado Pleno onde se discutia o retorno presencial, o interventor, disse que para garantir o retorno presencial seria necessário remanejar dinheiro de outras pastas, sabemos que na verdade o ataque central será na pasta da assistência estudantil, por isso, precisamos organizar os centro acadêmicos e os estudantes para cobrar transparência no orçamento da UFCG. Também devemos cada vez mais entender os problemas dos nossos cursos e aumentar a organização dos estudantes para lutar pela  volta do Restaurante Universitário e a ampliação de residências e de vagas na creche universitária! Por fim, devemos nos somar na luta nacional contra as intervenções e expulsar da reitoria Antônio e todos os outros interventores Brasil a fora.