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domingo, 3 de novembro de 2024

Vacinar as crianças é cuidar do futuro

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Indira Xavier | Mov. Olga Benario


Com pouco mais de um mês do início da vacinação infantil contra a Covid-19, o número de crianças de 5 a 11 anos de idade vacinadas é de apenas 30%, ou seja, cerca de seis milhões, de um total de mais de 20 milhões dentro dessa faixa etária.

Esse cenário se agrava quando tomamos o momento em que o país vive de aumento dos casos de contágios, internações e mortes em decorrência da nova onda, com a variante Ômicron. Situação que piora com uma intensa campanha de descredibilização e desinformação por parte do Governo Bolsonaro, colocando pais e responsáveis em dúvida sobre a eficácia da vacina.

Vale lembrar que, só em dezembro do ano passado, mesmo sob intensa campanha de boicote por parte do governo, que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do imunizante da Pfizer na versão pediátrica e, em janeiro deste ano, a Coronavac. Não satisfeito, o presidente segue atacando a vacinação, seja questionando a capacidade técnica dos profissionais que atestaram, após rígida análise, a segurança e eficácia da aplicação dos imunizantes; seja disseminando mentiras e até tentando impor que pais/responsáveis tivessem prescrição médica para vacinação dos menores.

“E você vai vacinar seu filho contra algo que o jovem por si só uma vez pegando o vírus a possibilidade de ele morrer é quase zero? O que é que está por trás disso? Qual é o interesse da Anvisa por trás disso aí? Qual é o interesse daquelas pessoas ‘taradas por vacina’? É pela sua vida? É pela sua saúde? Se fosse, estariam preocupados com outras doenças do Brasil, que não estão”, acrescentou o presidente. (TV Nova Nordeste, Pernambuco, 06/01/22)

A verdade é que, desde o começo da pandemia, mais de 800 crianças morreram no país, colocando a Covid-19 como uma das dez principais causas de morte infantil entre 5 e 11 anos. Esses óbitos já são maiores que o somatório de todas as mortes causadas por doenças infantis para as quais existe vacina. E mais: só em janeiro deste ano, os casos de internações triplicou em comparação com dezembro de 2021, segundo pesquisa realizada pela Fiocruz, foram 2.122 crianças internadas, quando em dezembro esse número foi de 697. Os casos de morte também saltaram de 49, em dezembro, para 86, em janeiro, revela a pesquisa.

Outro estudo, realizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, que vem coletando dados desde o início da pandemia, aponta que 70% de todas as crianças internadas abaixo de 12 anos não possuíam nenhuma comorbidade. Logo, mesmo em número absolutos, a incidência de mortes e internações, não sendo tão alta, no contexto brasileiro, em que mais de 640 mil pessoas já morreram, é um crime não estimular a vacinação.

A política de extermínio do nosso povo, aplicada pelo governo genocida, faz com que a falta de testagem seja um dos principais motivos da não detecção do vírus nos pequeninos. Somado a isso, a vulnerabilidade socioeconômica faz com que nossas crianças estejam ainda mais expostas.

Com o retorno das aulas presenciais, há um maior contato das crianças com o vírus e, em consequência, uma maior circulação e contágio. Crianças não vacinadas, além de estarem mais expostas ao contágio, disseminam o vírus em suas casas e comunidades. O Brasil possui um Sistema Único de Saúde (SUS) capaz de vacinar, por dia, 2,4 milhões de pessoas e, tendo hoje, uma média de 1,2 milhão de aplicações (a metade). Só a ausência de vacinas e o descompromisso do Governo Bolsonaro para justificar essa baixa adesão.

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