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terça-feira, 16 de julho de 2024

Vítimas de deslizamentos fazem ato em Franco da Rocha e Prefeitura recua

LUTA POPULAR – Moradores de Franco da Rocha marcham em manifestação reivindicando seus direitos (Foto: Reprodução/Jornal A Verdade)

Arthur Ventura


FRANCO DA ROCHA (SP) – Na manhã desta sexta-feira (18), os moradores dos bairros Vila Lemar, Jd. Cruzeiro, Pq. Pretoria e Parque Paulista que foram atingidos pelos deslizamentos do dia 30/01, junto ao MLB – Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas, saíram em marcha no centro da cidade até o prédio da Secretaria da Educação onde se encontra atualmente a administração da prefeitura de Franco da Rocha.

Com sentimento de bastante indignação e revolta frente ao descaso do poder público que tem atendido de forma muito ineficiente os moradores, os mesmos reivindicaram e continuam reivindicando o direito à moradia para aqueles que perderam suas casas, para aqueles que estavam tendo suas casas injustamente demolidas pela prefeitura com uma alegação frágil de estarem em área de risco e o direito a indenização às famílias das 19 pessoas vítimas do desabamento.

Diversas casas foram destruídas no Parque Paulista pela Prefeitura sem necessidade. Os moradores alegam que não houve uma vistoria e laudo técnico criteriosos. As casas marcadas com um “x” em sua fachada significavam que seriam as próximas a serem destruídas mesmo ocupando um terreno da prefeitura há mais de 20 anos. Os funcionários que estavam no local para demolir, nesta segunda-feira (14), disseram estar fazendo “reapropriação de posse”. Diversos moradores que trabalharam sua vida inteira para adquirir um teto, tem visto suas casas serem demolidas injustamente pela prefeitura, sendo obrigados a morar de favor, a pagarem aluguel ou morar na rua.

      A prefeitura tem disponibilizado de forma precária e demorada um auxílio de R$ 608,94 para essas famílias que perderam suas casas no deslizamento ou tiveram suas casas demolidas. Valor que tem sido pago com atraso, que ainda não contempla todos os moradores atingidos e que também não garante o pagamento de aluguel dessas famílias, mais a sua sobrevivência. Para as famílias que perderam seus entes soterrados, a prefeitura não tem pensado em uma indenização, mas tem os tratado com descaso também. Em entrevista ao Jornal A Verdade, Larissa, moradora do bairro Jardim Paulista, que teve alguns de seus parentes vitimados, em suas palavras disse:

“Desde então nós não estamos tendo muito apoio da prefeitura em relação a doação de roupas, de colchão, material de higiene, cestas básicas.. A gente teve apoio da comunidade e da família. O que a prefeitura fez por nós até agora, foi prometer um auxílio de R$ 608,00 reais para que a gente alugasse uma casa, que a gente sabe que não é o suficiente que a gente ta precisando..” 

Após pressão e mobilização dos moradores em manifestação, os moradores junto com o MLB conseguiram, em diálogo com a prefeitura, a garantia de que nenhuma casa será demolida sem que realmente se comprove com laudo técnico estar com risco de desabar. Além disso, foi garantido a todas as famílias atingidas o direito ao auxílio moradia com possibilidade de ser estendido a mais um ano, além do compromisso da prefeitura de se reunir com os moradores e o movimento para acolher propostas de infraestrutura e projetos de habitação. 

O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas que atua a mais de duas décadas no Brasil, se soma a luta dos moradores e moradoras de Franco da Rocha e de todo o Brasil para lutar pelo seu justo direito à moradia, garantido constitucionalmente, mas que mediante ao sistema capitalista, sistema este que privilegia o interesse dos ricos em detrimento da vida do nosso povo, tem tirado o teto de milhões de pessoas no Brasil os empurrando para áreas de risco onde são mortos soterrados todos os anos no período de chuvas no Brasil. 

Os recentes acontecimentos de Franco da Rocha, assim como as centenas de trabalhadores mortos soterrados na cidade de Petrópolis – RJ, na verdade fazem parte de um projeto de país, projeto de morte do nosso povo para o enriquecimento de uma ínfima maioria da população, sendo a luta pela reforma urbana e o socialismo o único caminho que garanta o direito básico de todo o povo de ter sua casa própria e o direito à cidade.

 

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