O desmonte das políticas para as mulheres em São Carlos vem ocorrendo desde agosto de 2011, quando foi feita a última eleição das conselheiras do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres.
Juliana Gregório e Laís Fróes
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SÃO CARLOS – Uma mulher foi morta a facadas em uma farmácia em São Carlos (interior de São Paulo), no fim de 2021. O autor do crime era um homem com quem a vítima mantinha união estável. Segundo o próprio assassino, o crime foi cometido, pois, achava que sua parceira o estava traindo. Segundo relatos, havia histórico de agressão e ameaças de morte à vítima quando a mesma dizia que iria acionar a lei Maria da Penha.
O Centro de Referência Para Mulheres de São Carlos (CRM), inaugurado em 2008 na mesma cidade, está fechado desde 2016, sem nenhuma explicação plausível. Além de não ter previsão de reabertura, a prefeitura afirmou que os atendimentos seriam feitos no CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) localizado no mesmo prédio onde o CRM funcionava.
Quando ainda estava aberto, o Centro de Referência contava com atendimento especializado para mulheres, ações de prevenção e políticas públicas específicas e atendia cerca de 40 mulheres por mês. Elas eram de todas as regiões da cidade e de todas as classes sociais, faixas etárias e graus de escolaridade.
O desmonte das políticas para as mulheres em São Carlos vem ocorrendo desde agosto de 2011, quando foi feita a última eleição das conselheiras do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres.
Em junho de 2013 ocorreu o fechamento da casa abrigo pelo antigo prefeito, Altomani (PSDB), e em junho de 2016, a Secretaria de Cidadania e Assistência Social da Prefeitura Municipal de São Carlos assumiu a inexistência de uma pasta específica de atendimentos às mulheres na prefeitura municipal.
O atual prefeito de São Carlos, Airton Garcia (PSL), é um empresário que está em seu segundo mandato e é considerado o prefeito mais rico do estado. Apesar da demanda da reabertura do CRM com diversas cobranças de movimentos sociais, das PLP’s de São Carlos e da vereadora Raquel Auxiliadora, o mesmo não fez nada a respeito.
É notável como este homem não representa os interesses da população e muito menos das mulheres de São Carlos.
Por isso, fica evidente a importância da construção em cada canto do país do Movimento de Mulheres Olga Benário, que vem sendo alternativa a esse sistema que quer nossas mulheres e crianças mortas. O movimento já realizou oito ocupações no Brasil para construir centros de referência para mulheres vítimas de violência e seus filhos.
Além disso, as ocupações promovem atividades de formação política e independência econômica visando a emancipação da mulher.
Só a luta organizada pelo fim desse sistema poderá salvar a vida das mulheres!