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quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Nasce a Ocupação Antonieta de Barros, em Florianópolis

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Fotos: Redação SC

Redação SC
A décima ocupação do movimento de mulheres Olga Benario no país foi nomeada Casa de Referência para Mulher Antonieta de Barros. Foi realizada em um prédio abandonado há mais de dez anos no centro da cidade, com dezenas de milhares em dívidas de IPTU e que não cumpria com sua função social, conforme previsto na constituição brasileira. O lugar antes sem vida e abandonado, passou a ser uma Casa de Referência para a Mulher, que garantirá um acolhimento psicológico, jurídico e social às mulheres vítimas de violência em nossa região.

O estado de Santa Catarina apresenta dados absurdos em relação a violência contra a mulher. Temos 41.743 processos em aberto que envolvem esse tipo de violência, sendo este o segundo tipo de registros mais recorrentes nas delegacias, ficando atrás apenas do tráfico de drogas.

A partir de dados do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, em 2018 aconteceram, em média, 1 feminicídio por semana no estado. Número esse que se intensificou na pandemia, apesar do pouco acesso às informações e ausência de um mapeamento concreto para fornecer os dados em relação aos casos. Apenas em 2021, houve mais de 19 mil tentativas de feminicídio que resultaram em um pedido de medida protetiva. Mesmo com esses índices alarmantes, não houve mobilização efetiva por parte do estado para solucionar o problema.

Duas questões agravam a capacidade de conseguir acolher e de encaminhar esses casos: o primeiro é o fato de não se ter uma delegacia especializada em pensar apenas essas questões; o estado conta apenas com uma Delegacia da Mulher, Criança e do Idoso. E o segundo fato é que os serviços ofertados, além de escassos ainda funcionam apenas em horário comercial, o que impede as mulheres de conseguirem um apoio, por exemplo aos fins de semana, dias esses em que maior parte das violências ocorrem.
Mesmo com um aumento de 300% nos feminicídios de janeiro de 2021 pra 2022 em Santa Catarina, o estado segue se isentando de pensar em políticas públicas que possam acolher e pensar em alternativas para essas mulheres. Um exemplo disso, é o terreno que foi cedido pelo governo federal para a construção da Casa Da Mulher Brasileira. Tal terreno fica ao lado da Delegacia da Mulher, Criança, adolescente e Idoso e até hoje se encontra sem função social e nenhum indício da construção da mesma.

Por isso, se faz fundamental a organização de um espaço que assista as mulheres de forma autogestionada e popular, construindo alternativas de resistência que de fato auxiliem as mulheres a saírem do ciclo da violência que só piora no Brasil sob o governo de Jair Bolsonaro e seus aliados, defensores do patriarcado e do autoritarismo!

Pensando nessas denúncias que estão sendo feitas e todas essas lutas que serão travadas nesse espaço, Antonieta de Barros foi escolhida como homenageada para nomear a casa. Antonieta nasceu 9 anos após a abolição da escravidão, e era filha de ex-escravizados. Por meio da sua luta foi eleita a primeira deputada mulher e negra no Brasil. Suas principais pautas de luta eram o direito a educação gratuita e acessível a todos, a emancipação das mulheres e o fim do racismo.

O Movimento de Mulheres Olga Benario se organiza de forma nacional para lutar em defesa da vida das mulheres, e em Santa Catarina essa luta também se faz essencial. Por isso, construímos nossas casas, para impedir que as mulheres continuem sendo mortas. Ocupamos por necessidade e como forma de resistência. É pela vida das mulheres!

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