A construção de um jornalismo revolucionário significa também combater avidamente todo o trabalho subjetivo da burguesia, pois, não há como denunciar as raízes de nossos problemas atuais sem ao mesmo tempo realizar uma propaganda contra o sistema capitalista.
Diogo Leme | Santo André
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O jornalismo coleta e distribui informações que dizem respeito a fatos, acontecimentos, lugares, objetos, sociedades, etc. E em órbita ao jornalismo utiliza-se da comunicação enquanto meio de divulgação, propaganda, atrativo para a criação de uma ponte entre o consumidor e o projeto jornalístico.
Dentro de uma sociedade dividida em classes a utilização da comunicação terá sempre um viés ideológico, sendo a ideologia sempre burguesa ou proletária. Fruto da luta entre as duas grandes classes: a classe trabalhadora e a classe burguesa.
Veja que ambas as classes não existem dentro do âmago do ser humano, não são uma condição imposta pela natureza, mas na verdade são produtos de um sistema econômico que preza pela manutenção das duas nos mesmos postos ocupados hoje.
Tendo em vista que ambas possuem interesses contrários, a defesa desses respectivos interesses significa a alienação da classe trabalhadora ou a propaganda da destruição da classe burguesa. Esta análise classista nos levará à ideia de superestrutura, isso é, toda a causa subjetiva do ser humano como por exemplo: a cultura, a religião, a mídia, a educação, etc.
A superestrutura é diretamente influenciada pela infraestrutura, isso é, a economia e o modo de produção capitalista baseado na relação de exploração do(a) trabalhador(a) pelo burguês. Fica claro então que a cultura, a religião, a mídia estão nas mãos da classe que domina a infraestrutura: a burguesia.
Estas ferramentas serão desvirtuadas pela burguesia para enganar o povo e fazê-lo defender os interesses dos ricos. Por isso, a classe trabalhadora precisa lançar mão dessas ferramentas para divulgar a verdade dos trabalhadores e desenvolver a consciência social contra o capitalismo.
É necessário, por parte dos revolucionários, uma forte campanha de propaganda do socialismo entre o povo pobre dentro de suas respectivas casas, nos chãos das fábricas, no caminho para seus trabalhos, via internet, etc.
E a melhor de propaganda é o jornal revolucionário, o jornal proletário, que combata o jornalismo burguês em todos os âmbitos e denuncie mensalmente, semanalmente, diariamente, as mazelas vividas dentro do sistema capitalista e quais são suas consequências.
A construção de um jornal revolucionário significa também combater avidamente todo o trabalho subjetivo da burguesia, pois, não há como denunciar as raízes de nossos problemas atuais sem ao mesmo tempo realizar uma propaganda contra o sistema capitalista. Combater o trabalho subjetivo da burguesia é denunciar tudo o que hoje está consolidado dentro da superestrutura.
Como aplicação prática da propaganda jornalística revolucionária dentro da realidade brasileira é de grande importância citar o exemplo do jornal A VERDADE, que trabalha sistematicamente para denunciar a situação precária brasileira diante uma gestão neoliberal e submissa ao imperialismo estadunidense.
As mais de 650 mil mortes durante a atual pandemia do Covid-19, perpetuada pelo governo de Bolsonaro, foi o principal motor para a construção dos grandes atos pelo Fora Bolsonaro que contaram com a presença de milhares de trabalhadores(as) por todo o Brasil.
O jornal A Verdade teve papel atuante na mobilização desses atos fazendo brigadas de vendas do jornal em estações de trem, dentro dos metrôs e ônibus, nas portas das fábricas e comércios, etc.
Em uma matéria denominada Aumenta a exploração dos trabalhadores pelos donos do capital mundial, na edição número 246 do jornal A VERDADE, a CIPOML (Conferência Internacional dos Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas) apontava claramente que está em curso, para além de uma guerra objetiva contra a classe trabalhadora, uma guerra subjetiva contra, naturalmente, a ideologia revolucionária: “Incorporar as massas à luta por suas reivindicações materiais, à luta política e revolucionária, demanda um intenso e sistemático trabalho de politização. Isto nos obriga a qualificar o trabalho de agitação, comunicação e propaganda de nossos partidos e de forças que dirigimos, a fim de enfrentar a hegemonia ideológica da burguesia; para tal, o trabalho entre os intelectuais é importante”.
Tais intelectuais e jornalistas não virão da elite da população, surgirão do proletariado e do campesinato que sofrem nas mãos da burguesia nacional e internacional e que acumulam a capacidade necessária para desenvolver a teoria marxista e construir um jornalismo revolucionário, a fim de destruir o jornalismo burguês. Estes intelectuais e jornalistas serão nós mesmos.
Cabe somente à classe trabalhadora vingar e consolidar as palavras de Vladimir Ilyich Lenin sobre o que deve fazer um jornal verdadeiramente revolucionário, que combata a burguesia objetiva e subjetivamente: “É fundamental a ‘convocação para a formação de uma organização revolucionária capaz de unir todas as forças e de dirigir o movimento, não só de uma maneira nominal, mas na própria realidade, ou seja, capaz de estar sempre pronta a apoiar qualquer protesto e qualquer explosão, aproveitando-os para multiplicar e robustecer as forças de combate aptas à batalha decisiva.’” (Lenin em “O Que Fazer?”)