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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Correnteza faz manifestação com estudantes por moradia na UFSCar

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ENTULHO – Para denunciar situação dos alojamentos, estudantes reuniram parte do material recolhido durante limpeza simbólica (Foto: Reprodução/ Movimento Correnteza).

Diversos estudantes e moradores denunciaram a precarização e abandono do espaço do alojamento e falta de condições básicas no dia-a-dia.

Redação São Paulo

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SÃO CARLOS – A Universidade Federal de São Carlos foi palco de manifestação dos estudantes por melhores condições na moradia estudantil uma vez que, às vésperas do retorno das atividades completamente presenciais, a precarização e abandono do espaço do alojamento continuam com a infraestrutura cada vez mais deteriorada e péssimas condições de saúde pública.

Diversos estudantes e moradores denunciaram esta situação ao Jornal A Verdade, leia as informações e relatos a seguir:

A previsão de retorno das atividades presenciais é para o meio do ano, o que significa que sem condições dignas para a moradia os problemas atuais se intensificam com a chegada de novos moradores, afetando ainda mais alunos e alunas que lutam pelo direito de morar e estudar.

Estes(as) estudantes estão sendo violentados pela falta de condições básicas no dia a dia, como a falta de cadeiras, colchões e camas nos apartamentos; chuveiros e privadas quebradas; pisos e encanamentos quebrados; diversos pontos de infiltração, além do agravamento da estrutura de um dos blocos por causa da água de chuva; sem mencionar os insetos e animais peçonhentos e casos de invasões e assaltos nos alojamentos.

A falta de espaço adequado de estudo e moradia faz com que o sonho de se graduar fique cada vez mais distante, se transformando em um pesadelo, o que por sua vez é traduzido na saúde mental da população da moradia.

Um dos estudantes, que preferiu não se identificar, desabafa: “Eu ia pedir pra colocar rede nas janelas e sacadas da moradia. Tenho muito problema de insônia e a noite escuto muita gente surtando, chorando e gritando. Já aconteceram dois suicídios que foram abafados aqui na moradia. Eu tenho medo do que pode acontecer com essas pessoas”.

É cada vez mais urgente reverter esse cenário degradante na moradia estudantil, que piora com cada vez mais ataques do Governo Federal. As universidades federais funcionam com um bilhão de reais a menos do que no último ano de atividades presenciais. Com isso, o nível de abandono dos estudantes só aumenta.

Como se não bastasse os problemas de infraestrutura, Safa (estudante da Engenharia Civil) relatou problemas com escorpiões, vespas, cobras e saguis (macacos). A mesma aluna informou ter sido mordida algumas vezes pelos macacos ao tentar afastá-los do espaço de convivência.

Ela afirma que “meu nome é conhecido na Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis, na Prefeitura Universitária e agora na Polícia Ambiental… Ninguém foi capaz de resolver o problema e pegar esse macaco que estava perdido na moradia e botando medo na galera. Então eu dei um jeito de pegar ele com uma caixa de gato e levei pra Polícia Ambiental. Fui mordida no processo, mas não foi a primeira vez, pois já havia participado de outro resgate. Já até sabia quais vacinas tomar”.

DENÚNCIA – Estudantes escrevem palavra de ordem nos muros da universidade para denunciar situação precária de moradia (Foto: Reprodução/ Movimento Correnteza).

Reconhecendo que a garantia de estudo e vida dos estudantes está nos próprios estudantes, o Movimento Correnteza organizou com os moradores da Moradia Estudantil um ato simbólico na frente da reitoria, levando entulhos abandonados por obras feitas pela própria universidade e que se transformavam em potenciais locais de proliferação de arboviroses, insetos e animais peçonhentos – como foi revelado durante o mutirão de limpeza estudantil, realizado antes do ato.

Além de reunir moradores, juntaram-se alunos não residentes na moradia e pedestres que passeavam no campus, solidários à luta estudantil por condições dignas para morar e estudar.

Durante a concentração do ato foi decidido o envio de uma Carta Aberta endereçada à reitoria com as exigências nomeadas e pontuadas: reparo imediato na infraestrutura dos alojamentos (canos quebrados, pontos de infiltração, pisos quebrados, banheiros interditados); fornecimento de materiais básicos para o alojamento (cadeiras, colchões e camas); reforço na segurança da moradia com mais pontos de luz e cercas mais robustas; serviço de remoção de vespas e abelhas com mais frequência e rapidez; remoção e acompanhamento dos macacos e cobras da moradia; retorno do serviço de limpeza e sanitização nas áreas comuns da moradia; aplicação da verba liberada para reforma da moradia estudantil.

A mobilização foi encerrada após a construção de um monumento com as palavras de ordem decididas pelos estudantes e moradores da Moradia UFSCar que expressam o agravamento das condições da permanência estudantil.

O retorno dos estudantes para as atividades presenciais ainda mais vulneráveis deixa claro a necessidade do aprofundamento das lutas estudantis, principalmente dentro de um governo cujo interesse é sucatear a ciência, baratear a mão de obra com o desemprego e exterminar a população trabalhadora para enriquecer os banqueiros, empresários e amigos pessoais.

Isso se traduz nas diversas instituições de educação de nível superior precarizadas, despreparadas e na negligência e falta de ação por parte das reitorias, que se limitam ao burocratismo e às saídas institucionais que já se mostraram desconexas, sem eficácia e contrárias às vontades dos estudantes.

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