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quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Guerra na Ucrânia completa 70 dias

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Ucrânia e Rússia completam 70 dias de guerra com confrontos intensos. Conflito se concentrou no leste e sul do país europeu. Imperialismo russo e estadunidense aproveitam a guerra para transformar a Ucrânia em campo de testes de armas e tecnologias novas.

Felipe Annunziata | Redação Rio


INTERNACIONAL – Após completar 70 dias, as tropas russas abandonaram seu cerco a Kiev (capital da Ucrânia), Sumy e outras cidades do norte do país e intensificou suas operações no sul e no Donbass, no leste.

O conflito até agora vem sendo marcado por ser uma guerra onde Rússia e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), chefiada pelos EUA, vem colocando altos recursos materiais e humanos. O governo ucraniano, que hoje é um títere dos Estados Unidos na prática, a todo momento recebe armas do chamado Ocidente. O governo de Vladimir Putin, por sua vez, aproveita a guerra para testar as capacidades militares e tecnológicas das forças armadas da Rússia.

Embora com uma economia menor que a russa, a ajuda europeia e estadunidense à Ucrânia conseguiu equilibrar o conflito. O apoio desses países possibilitou, por exemplo, que as forças armadas ucranianas fizessem ataques pontuais em locais dentro do território russo próximo à fronteira.

Bilhões enviados em armas à Ucrânia

O governo ucraniano já recebeu, desde o início da guerra, em 24 de fevereiro, mais de 7 bilhões de dólares em ajuda militar por parte da Otan. Na semana passada, o presidente estadunidense Joe Biden anunciou um pedido ao Congresso dos EUA de apoio de 33 bilhões de dólares.

Se confirmada essa ajuda, em termos de orçamento militar, a Ucrânia se iguala à Rússia. Hoje o orçamento militar oficial do governo russo está em torno de 60 bilhões de dólares. No entanto, ao contrário do governo russo, o Estado ucraniano não conta com um parque industrial militar desenvolvido. Na prática, o presidente ucraniano Volodimir Zelensky terá que se ajoelhar ainda mais diante da Otan e União Europeia para garantir esse apoio.

Soldado Ucraniano treinando a utilização de mísseis antitanque Javelin, fornecido pelos EUA. Foto: Gleb Garanitch/Reuters

Corrida armamentista se intensifica

Todo esse recurso gasto na guerra tem possibilitado também às grandes potências imperialistas testar no povo ucraniano e russo armas novas. Esse comportamento é verificável de parte a parte no conflito.

Do lado da Otan, as agências de inteligência militar estão aproveitando a guerra para ver qual a real capacidade de combate das tropas russas. Ao mesmo tempo, tem buscado ampliar o envio de alguns tipos de armas que atendem a objetivos específicos dos militaristas da Otan.

Exemplos disso são os mísseis antitanque Javelin, que embora tivessem sido usados em outras guerras, nunca esteve numa operação em larga escala contra uma grande potência como a Rússia. Outro armamento que os imperialistas do Ocidente têm investido durante a guerra são os drones de ataque, diante das dificuldades logísticas de se enviar caças ao país do leste europeu. A utilização desse armamento tem dado a Otan a oportunidade de testar as defesas antiaéreas dentro do próprio território russo.

A Rússia, por sua vez, tem aproveitado a guerra para testar ao máximo sua capacidade de mísseis. Um exemplo disso é a utilização em alguns momentos de mísseis hipersônicos, de última geração, que voam a 10 vezes a velocidade do som. Apesar de a Ucrânia estar do lado da Rússia e esses mísseis terem alcance de mais de 2 mil quilômetros, as forças armadas russas estão aproveitando o conflito para testar essa nova tecnologia, além de gerar um efeito no moral das tropas ucranianas.

Biden tem anunciado que, por ele, o chamado Ocidente continuará enviando armas indefinidamente para Ucrânia, nem que isso leve anos. Ou seja, para o imperialismo da Otan, não importa quantos mortos, cidades destruídas haverá na Ucrânia, desde que isso atenda aos interesses dos militaristas dos EUA e os objetivos de enfraquecer o imperialismo russo.

Na guerra, os perdedores são os povos

Na prática, essa guerra tem servido apenas para dar lucro à indústria de armas e favorecer os objetivos políticos dos líderes da Rússia, Ucrânia e EUA. Desde o início do conflito, milhares de civis já morreram e mais de 4 milhões de pessoas já fugiram do país.

Ao mesmo tempo, as sanções econômicas contra a Rússia têm provocado enorme aumento no preço dos alimentos. Ucrânia e Rússia são alguns dos maiores produtores de trigo e fertilizantes do mundo. A guerra neste país está provocando maior especulação dos capitalistas da indústria de alimentos para cobrar mais pela comida que o povo pobre consome.

No fim das contas, a guerra só favorece aos bilionários e imperialistas do mundo. Isto tudo ao ponto deles aproveitarem o conflito para testar e melhorar sua capacidade bélica. Os EUA usam hoje a Ucrânia de laranja no seu conflito com a Rússia. Além de satisfazerem seus interesses imperialistas, Rússia e Otan aproveitam o conflito para acumular na pesquisa de novas armas.

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