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sábado, 21 de dezembro de 2024

A importância da organização das mulheres

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Carolina Vigliar
Carolina de Mendonça
São Paulo

Por que precisamos organizar as mulheres?

Nós, mulheres trabalhadoras, somos a parcela mais empobrecida e explorada pelo sistema capitalista. Além de receber os menores salários, somos a maior parcela entre os trabalhadores desempregados. Somos também a maioria na fila do Auxílio Brasil.

Também recai sob nossos ombros a responsabilidade pelo cuidado da casa, das crianças, dos mais velhos e dos doentes. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, referente a 2019, a mulher trabalhadora dedicou, em média, oito horas a mais às atividades de afazeres e/ou cuidados que os homens. Sabemos também que as filhas são mais demandadas para os trabalhos domésticos do que os filhos.

A violência que sofremos é alarmante! No dia 22 de maio, uma jovem de 18 anos foi sequestrada pelo ex-namorado, mesmo depois de duas medidas protetivas e teve seu rosto tatuado com o nome dele, mostrando que nosso corpo também é um espaço de disputa de poder. Nas favelas as mães negras temem pela vida de seus filhos e filhas. Desde o massacre do Jacarezinho, há um ano, já foram 34 chacinas realizadas pela polícia do Rio de Janeiro.

Não é de hoje que as mulheres enfrentam essa situação. Porém, nossa vida piorou durante o governo do fascista Bolsonaro. Por isso, também somos a parcela mais interessada em uma transformação radical da sociedade, mas, como nossa jornada de trabalho é maior, a nossa organização para a luta requer cuidados especiais.

Como organizar as mulheres?

Somos mais da metade da população. Não é possível pensar em poder popular sem nossa participação. Mas, conhecendo os obstáculos diários que as mulheres enfrentam, devemos considerá-los no planejamento de nossas ações.

A primeira coisa a se lembrar é que trabalho entre as mulheres não é tarefa apenas do movimento de mulheres. As mulheres são sem-teto, estão nos bairros, favelas, são trabalhadoras precarizadas, a maioria entre as professoras e terceirizadas, são garis, servidoras, são jovens sofrendo assédio e violência.

Têm sido também protagonistas em muitas lutas ao redor do mundo e já não aceitam mais serem subestimadas, interrompidas ou desvalorizadas. Por isso, a preocupação com o trabalho entre as mulheres é tarefa de todos aqueles interessados na organização da classe trabalhadora e na transformação da sociedade.

Para que as mulheres tenham mais tempo e possam se organizar, o trabalho doméstico e de cuidados precisa ser bem dividido em seus lares e espaços de organização coletiva. É necessário a garantia de “creches” nos locais de reunião, plenárias, para que a mulher participe de forma ativa.

Segundo Gabi Alves, mãe, estudante e membra do DCE-UFABC, “pra mim é importante pessoas destinadas ao cuidado com minha filha, um espaço adequado e sem perigos aparentes para ela ficar, com atividades destinadas a ela”. Samara Martins, vice-presidenta nacional da Unidade Popular, completa que “ter local seguro e pessoas que possam acompanhar a rotina dele garante que consiga me concentrar por completo na tarefa”.

Outro ponto fundamental para desenvolver o trabalho entre as mulheres é a direção coletiva. A divisão planejada das tarefas com as mulheres contribui, ao mesmo tempo, para o seu desenvolvimento e a torna mais confiante. Nos educa para a luta! A organização do trabalho com as mulheres requer perseverança, escuta e respeito. Às vezes, o filho de uma companheira vai ficar doente. Ou seu marido vai começar a disputar sua atenção. Precisamos ter paciência e não desistir. Para as mulheres ajuda muito as coisas terem dias e horários fixos. Não mudarem à toa. Quando uma mulher trabalhadora se planeja para ir em uma atividade, ela precisou organizar toda uma estrutura, geralmente sozinha. Se essa atividade não acontecer, ou mudar de hora e local constantemente, provavelmente ela vai deixar de ir.

O estudo também é indispensável para o bom desenvolvimento deste trabalho. Incentivar que as mulheres estudem e produzam teoricamente também é importante. Algumas companheiras, assim como parte da nossa classe, não tiveram o direito à educação garantido e têm dificuldade de ler. Então vamos ler juntos. Escolher textos menores e ir aumentando aos poucos. As mulheres podem e devem debater sobre todos os temas, e não apenas os temas sobre sua situação específica.

Muitas mulheres revolucionárias ao longo da História venceram as dificuldades de seu tempo! Miremos nos exemplos de Olga Benario, Lélia Gonzales, Alexandra Kollontai, Clara Zetkin, as guerreiras que bravamente lutaram em Palmares, Célia Sanchez, entre tantas outras, o que nos mostra como é essencial a formação de novas dirigentes para nossas lutas.

Mas só formaremos mulheres dirigentes, formando e colocando mulheres para dirigir! Quanto mais mulheres ocuparem todos os postos, conquistaremos mais mulheres para nossa luta e mais perto estaremos de varrer o fascismo de nosso país.

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