No último período, no ABC paulista, foram realizadas assembleias, paralisações e manifestações em protesto e demonstração da indignação com os posicionamentos desprezíveis do governo à nível municipal, estadual e federal.
Amanda Rocha e Lucas Bernardo
ABC PAULISTA – Com o avanço de políticas de desmonte dos serviços públicos e a revolta crescente da classe trabalhadora na área da educação, várias lutas eclodiram por todo o país. No último período, no ABC paulista, foram realizadas assembleias, paralisações e manifestações em protesto e demonstração da indignação com os posicionamentos desprezíveis do governo à nível municipal, estadual e federal.
Com a paralisação de diversas escolas da rede de Santo André no dia 31 de março , é notável que a indignação dos profissionais da educação não é algo recente. Mesmo com as reclamações constantes, o Prefeito Paulo Serra (PSDB) prefere tratar estas pessoas com negligência, se comunicando apenas por redes sociais, principalmente em lives. São nelas que ele ignora todos os problemas trazidos pelos trabalhadores e tenta jogar ao descrédito a luta sindical e as manifestações.
Além desses problemas, há duas questões principais que motivaram os professores da rede a participarem das paralisações: a falta de tempo para planejamento das atividades escolares, que lutam para que seja de 1/3 de sua jornada de trabalho (garantindo o mínimo necessário para a qualidade do ensino público) e de um aumento digno, já que o prefeito definiu, sem abertura para discussão com a categoria, um reajuste de 7% (3% em maio e 4% em setembro), ambos já garantidos pela Lei 11.738/2008.
As reivindicações se estendem para São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, onde nas últimas semanas também houveram manifestações. A última, travada em 12 de abril (terça-feira), tinha como suas principais reivindicações a redução das 30 horas no quadro de apoio, o reajuste salarial e o enquadramento do piso.
A luta na rede estadual da cidade também cresce, com reivindicações que já se arrastam há mais de um ano. No meio da pandemia de COVID-19, em 2021, o Ministério das Comunicações autorizou a captação para empresas de telefonia de mais de R$ 5,1 bilhões para ampliar o acesso à internet no país, possibilitando as aulas online. Mas em sua maioria, o projeto não foi completo: “Tem muitas atividades que precisamos fazer com o computador e com a internet e que a escola infelizmente não está equipada para realizarmos, na minha escola ainda não temos wi-fi, nem TV em todas as salas, temos falta de computadores para os professores e para os alunos, o que impossibilita nosso trabalho. Muitas vezes acabam nos fazendo trazer trabalho pra casa para resolver essas pendências”, relata Thais Gasparini, professora da rede Estadual de São Paulo e Coordenadora do Movimento Luta de classes.
No dia 29 de março, sob protestos e rechaços, ocorreu a aprovação do Novo Plano de Carreira para os professores de São que, na prática, traz um aumento salarial ao custo de direitos e mais trabalho. Enquanto ocorria a votação, foram realizadas manifestações do lado de fora da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Quem conseguiu entrar e ocupar as galerias protestava contra as mudanças para a categoria. Quem ficou ao lado de fora foi recebido pela Polícia Militar que fazia um cerco contra os professores, que são os principais afetados pelo que estava sendo votado dentro da assembleia.
No dia 14 de abril, também ocorreu um ato em defesa da escola pública na Diretoria de Ensino de Diadema, demonstrando revolta com a perseguição de professores e professoras nas escolas estaduais da cidade e contra a violência nas escolas e o assédio moral.
Além dessas, são diversas outras as questões que afligem os profissionais da educação, tanto estaduais quanto municipais: meses de atrasos na entrega de materiais escolares e uniformes, equipe de limpeza sobrecarregada, e Vale Refeição/Vale Alimentação defasados.
É notável a falta de valorização desses profissionais, sejam estes educadores ou outros funcionários que compõem a escola. As greves que ocorrem justificam-se pela revolta de fazer parte de uma categoria desvalorizada e de uma educação sucateada e abandonada. No entanto, as lutas organizadas em todo o estado tem reafirmado a disposição dos trabalhadores em mudar essa realidade.