Gustavo Rebelo
Salvador-BA
A liderança indígena Leonidas Iza Salazar, presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE), foi detida na madrugada da última terça-feira (14) durante os protestos em massa que tomam curso no país andino.
Os movimentos populares, em especial a CONAIE, tomaram as ruas em uma grande paralisação nacional contra a escalada dos preços dos combustíveis, a falta de empregos, concessões de minérios em territórios nativos, dentre outras medidas anti-populares do governo de direita do banqueiro, e atual presidente da República, Guillermo Lasso.
Assim, sob a alegação de “vandalismo”, as autoridades locais detiveram Leonidas, o que provocou a marcha de milhares de militantes dos movimentos indígenas em direção à Procuradoria da província de Cotopaxi, cercando o prédio e exigindo sua libertação imediata.
A mobilização surtiu efeito: após 24h da prisão ilegal, a Justiça equatoriana decretou a liberdade de Leonidas. Mesmo após a investida autoritária por parte do governo, a CONAIE anunciou que seguirá com a paralisação nacional, até que a Presidência responda às dez demandas da organização. São elas:
-
Redução e interrupção dos aumentos dos preços dos combustíveis;
-
Moratória mínima de um ano e renegociação das dívidas de mais de 4 milhões de famílias;
-
Preços justos para os produtos do campo: leite, arroz, batatas etc.;
-
Emprego e manutenção de direitos trabalhistas;
-
Suspensão da ampliação da fronteira mineradora e petroleira, auditoria e reparação integral dos impactos ambientais;
-
Respeito aos direitos coletivos indígenas;
-
Interrupção das privatizações de setores estratégicos da economia (Banco del Pacífico, hidroelétricas etc.);
-
Política de controle de preços e da especulação dos produtos de primeira necessidade;
-
Investimento urgente nos hospitais que carecem de insumos, medicamentos e pessoal, além da garantia de acesso dos jovens ao ensino universitário;
-
Desenvolvimento de políticas públicas efetivas contra a violência, o crime organizado etc.
A Unidad Popular, partido de esquerda com grande peso político no país, emitiu nota oficial declarando que: “Demandamos do presidente da República Guillermo Lasso, o respeito irrestrito às mobilizações realizadas pelo povo equatoriano. O direito à resistência, assim como à liberdade de organização e manifestação, são direitos constitucionais que nos assistem quando os governantes descumprem as demandas do povo equatoriano.”