Empresas, criminosos e governos ameaçam o meio ambiente na Região dos Lagos. Especulação imobiliária avança na destruição de manguezais, lagos, lagunas e outras áreas de preservação ambiental.
Chantal Campello
CABO FRIO/RJ – A especulação imobiliária ameaça o meio ambiente na Região dos Lagos, interior do Rio. Parques estaduais, Áreas de Preservação, manguezais e áreas costeiras, tem sido alvos permanentes de construtoras, criminosos e do próprio Estado.
Um dos exemplos é o Parque Estadual Costa do Sol. Criado em 2011, pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA), o Parque Estadual Costa do Sol (PECS) que protege ecossistemas das cidades de Saquarema, Araruama, Arraial do Cabo, São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande e Cabo Frio. Ele abrange 27 áreas de Preservação Ambiental (APAs) e de Proteção Permanente (APPs) dos seis municípios.
A ideia do parque é preservar uma das regiões mais ricas do mundo em diversidade ambiental, mas que precisa de vigilância permanente para que se evite a sua degradação.
Hoje esse patrimônio se vê ameaçado pela especulação imobiliária. Além da luta contra as empresas de água e esgoto que contribuem para a morte e seca das nossas lagunas, um outro inimigo, talvez o maior deles seja a especulação imobiliária.
A luta contra a especulação imobiliária na região é quase inglória. Campanhas eleitorais que são financiadas a troco dos nossos recursos, políticas e leis que são pensadas para atender aqueles que acham que mandam na nossa natureza.
Construtoras e criminosos ameaçam áreas de preservação
É assim que vemos hoje as grandes construtoras invadindo as áreas de proteção ambiental. Elas pressionam para que aquele ‘’espacinho’’ seja desligado do perímetro de proteção para conseguir efetivar as obras milionárias de condomínios luxuosos.
Outro fato que ocorre são as “milícias ambientais”, que pagam moradores pobres sem casa para construir algum barraco nas áreas de preservação. Quando conseguem algum centímetro que querem, expulsam essas famílias e ocupam também esses lugares.
Esse cenário é comum em várias localidades da Região dos Lagos. Dois exemplos vivos que estamos vivendo é a pressão para a construção do Resort Peró dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) do Pau Brasil. Uma grande extensão de dunas, a fauna e a flora da restinga estão sendo destruídas para a construção de um grande hotel com loteamento de 1.200 casas que vai afetar toda a planície costeira do local.
Recentemente os criminosos fecharam a entrada de água para o berçário do Mangue, outra área de preservação, e incendiaram árvores ao entorno. O objetivo deles é a construção de uma marina com loteamentos milionários. Vários moradores e movimentos sociais foram até o local e desobstruíram com marretas, em forma de protesto.
Para piorar as licenças foram concedidas pelo INEA e pela prefeitura municipal de Cabo Frio. Essas duas instituições autorizaram a destruição do Mangue da Ogiva e de todo um ecossistemas.
Destruição do meio ambiente é patrocinada pelo capitalismo
O Brasil é um dos 17 países mais ricos em biodiversidade, possuindo 70% da biodiversidade do planeta. O conjunto dos biomas terrestres brasileiros abriga mais ou menos 20% de todas as espécies de animais e plantas do planeta. O parque estadual representa uma fração importante dessa biodiversidade.
Hoje as condições climáticas, o grande surgimento de novos vírus, a condição de vida humana na terra está diretamente atrelada com a destruição ou a manutenção do meio ambiente. Isso é fruto da manutenção do atual sistema econômico, baseado no lucro e exploração acima de tudo, e coloca o meio ambiente apenas como um ativo financeiro.