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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Estudantes exigem aulas presenciais na Uninove

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MOVIMENTO CORRENTEZA UNINOVE
São Paulo

Estudantes da Uninove (Universidade Nove de Julho) organizaram um protesto em defesa do retorno presencial das aulas em frente ao campus Memorial, na Barra Funda, em São Paulo, capital. O ato teve apoio do Movimento Correnteza, que tem construído as mobilizações junto aos alunos das universidades privadas revoltados com a situação precária do ensino oferecido por essas empresas e o desrespeito  aos estudantes formados que são impedidos de retirar os diplomas.

A Uninove é uma das únicas universidades que permanecem em regime de ensino a distância, prejudicando a formação de milhares de alunos que se matricularam em cursos presenciais. Rebeca Arroyo, estudante de Direito, relatou: “A gente não tem aulas presenciais há dois anos e meio, e isso é lamentável. O Conselho Federal da OAB não reconhece o curso EaD e não temos respaldo da universidade”. 

Os alunos da área da saúde também estão sendo prejudicados e a ausência de aulas práticas é alarmante. “Estou tendo uma aula de ventilação mecânica online. Estou com medo de estar em um estágio, dentro de um hospital, de uma UTI, com um paciente de ventilação mecânica”, confessou Lucas, estudante de Fisioterapia.

Os alunos denunciam ainda que apenas o curso de Medicina já retornou presencialmente, evidenciando um tratamento diferenciado para o curso com as mensalidades mais altas.

Além da falta de aulas presenciais, o ensino tem sido sucateado ao longo desse período. Em junho de 2020, ainda início da pandemia, houve a demissão em massa de pelo menos 300 professores da universidade por mensagem virtual, segundo o Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP), sem aviso prévio ou justificativa. Os estudantes enfrentam, desde então, salas virtuais superlotadas e que unem diferentes semestres e campi por falta de docentes.

A humilhação e o descaso que os estudantes passam com a instituição também foram denunciados pelos estudantes ao jornal A Verdade. Em um vídeo gravado pelos manifestantes, uma funcionária pública grita que perderá seu emprego se não conseguir retirar seu diploma, cuja emissão já havia passado do prazo legal de 120 dias e chegava a cinco meses de espera. Ramon, formado na Uninove, relatou que seria desclassificado de um processo seletivo e estava na mesma situação. “É um descaso, é absurdo. A faculdade não quer saber se a gente tá perdendo emprego. Tô indo embora sem meu diploma e provavelmente vou perder o emprego porque a empresa exige diploma”.

Quando questionada, a Uninove alega não ter planejado o retorno presencial por uma questão de saúde. Para os militantes do Movimento Correnteza, porém, os motivos são econômicos e políticos. Laura Passarella, diretora da UEE-SP, em audiência pública conquistada pela mobilização dos estudantes, denunciou: “Esses grandes monopólios que, muitas vezes, são de fora do Brasil, usam da esperança da juventude de ter uma educação de qualidade, de ter um diploma e ser um bom profissional para lucrar. A gente não vai aceitar que a educação seja tratada como uma mercadoria, e ainda mais uma mercadoria tão barata, porque, para eles, vale o lucro acima da vida, da educação, de absolutamente qualquer coisa”. 

Diante desse cenário, os estudantes da Uninove seguem em luta por suas reivindicações. Organizados pelo Movimento Correnteza, vão continuar as mobilizações e atos pelo retorno presencial seguro e inclusivo e contra o descaso da instituição. Educação não é mercadoria!

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