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terça-feira, 19 de março de 2024

A alegria e a luta das pessoas com deficiência

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Por muito que tentem dissolver ou embarreirar os espaços de representação das pessoas com deficiência, nada poderá deter a alegria e a determinação daqueles que lutam por um mundo onde os PcDs vivam com dignidade. 

Acauã Pozino
Rio de Janeiro


DIREITOS HUMANOS – Na última quarta-feira (21), comemorou-se o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência. A data, instituída em referência à criação da primeira escola de surdos do Brasil, serve para lembrar que todos os poucos direitos que conquistamos não são fruto de outra coisa que não a nossa própria luta, mais ou menos organizada, junto a movimentos sociais e partidos de esquerda. Serve também como uma oportunidade de honrarmos memórias como a de Ana Purquéria, estudante secundarista com deficiência visual assassinada pela ditadura militar fascista, em junho de 1964.

Mas, para as pessoas com deficiência, o dia é mais de lamento que de celebração. Afinal, somos 50 milhões em território nacional, mas apenas 443 mil trabalham de carteira assinada, 2,5 milhões têm formação superior e as taxas de suicídio são o dobro da média entre pessoas sem deficiência. Por isso, entre as pessoas com deficiência, é comum a indagação: o que temos, afinal, para comemorar nesse dia?

Eu respondo: nesse dia devemos comemorar o fato de que, no Instituto de Jagorsk, a URSS educou centenas de pessoas com deficiência de forma emancipadora, enquanto os professores do ocidente sentavam os estudantes surdos sobre as próprias mãos para que não sinalizassem; que essas pessoas saíram de lá para as principais universidades do país e se incorporaram de verdade à construção do socialismo como engenheiros, professores, psicólogos, etc., tudo isso graças à nossa luta.

Devemos sorrir ao lembrar que enquanto Bolsonaro ataca a lei de cotas e a educação inclusiva, o povo soberano de Cuba vota o Código das Famílias, que garante o direito das pessoas com deficiência ao desenvolvimento pleno e autônomo e atribui ao Estado o dever de assistir a suas famílias.

Devemos ter orgulho de dizer que foram movimentos de pessoas com deficiência que estiveram entre as primeiras vozes das “Diretas Já”; que nos EUA nossos irmãos ocuparam o gabinete do secretário de Tesouro do então presidente Jimmy Carter por duas semanas para garantir seus direitos civis; que estamos na linha de frente da luta antimanicomial e da derrubada do modelo biomédico da deficiência.

Se mantivermos vivas essas memórias, por mais Amiltons que a nossa burguesia capacitista queira assassinar, por mais direitos que queiram nos tirar, por muito que tentem dissolver ou embarreirar nossos espaços de representação, nada poderá deter a alegria e a determinação daqueles que lutam por um mundo onde pessoas autistas não sejam acusadas de “hippies” por reivindicar sua existência ou que cegos não sejam metáfora para a desonestidade; um mundo onde estas metáforas não existam e aquelas acusações sejam recebidas com as devidas consequências para quem as profere. Essa sociedade virá quando a vida estiver acima do lucro, ou seja, quando triunfar o socialismo.

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