Por que as mulheres devem ir às ruas no dia 7 de setembro?

528

As manifestações do “ELE NÃO” em 2018, os atos realizados no Dia Internacional da Mulher (8M) dos anos 2019 a 2022 e uma série de outras mobilizações seguintes foram exemplos de como as mulheres são linha de frente quando se trata de fazer oposição ao governo Bolsonaro.

Movimento de Mulheres Olga Benario


SÃO PAULO – Esse protagonismo não é por acaso: nós somos o principal alvo do fascista, que se tornou presidente com base em propagação de mentiras, desinformação e de ataques aos direitos humanos.

Vejamos alguns exemplos de pronunciamentos que vimos desde sua campanha para presidência em 2018:

“Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio mulher” (falando sobre seus filhos); “ela não merece (ser estuprada) porque ela é muito ruim” (falando sobre a deputada federal Maria do Rosário); “quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade” (sobre estrangeiros fazerem turismo sexual no Brasil); “seria incapaz de amar um filho homossexual”; “como eu estava solteiro naquela época, esse dinheiro de auxílio-moradia eu usava para comer gente” (declarando como usava o auxílio-moradia quando era deputado); “ela queria dar o furo” (se referindo com duplo sentido à repórter que o questionou em entrevista).

Além disso, somente no ano de 2020, Bolsonaro foi responsável por 175 agressões contra jornalistas e assédios carregados de misoginia quando as profissionais eram mulheres.

Ele não sabe responder quando questionado por seus crimes e pelas mentiras que espalha, por isso, ataca os que cumprem o papel de buscar a verdade e respostas sobre fatos.

Isso explica porque frequentemente faz ataques à democracia brasileira, à urna eletrônica e diversas apologias ao golpe de estado e à ditadura militar. Desde antes de ser eleito declara que tem como ídolo Brilhante Ustra e outros homens que torturaram, estupraram e assassinaram mulheres em nome de um regime que tinha como principal objetivo aumentar a exploração da classe trabalhadora para beneficiar o capital imperialista, afinal era “preciso fazer o bolo crescer para depois reparti-lo”, mais uma falácia 

Relembremos um pouco a realidade das mulheres na ditadura militar: enquanto o suposto “milagre econômico” estava a todo vapor, 64,4% da população recebia, no máximo, dois salários-mínimos, cerca de 28 mil adultos passavam fome, foram assassinados mais de 8 mil indígenas, 52 crianças morriam por hora, eram 71 milhões de subnutridos. Muitas mães, tias, avós organizavam campanhas contra a carestia, assim como ocorre hoje, por que não era possível viver nesse sistema da fome.

Muitas também sofrem até hoje com a morte, tortura e desaparecimento fruto da perseguição aos pobres naquela época. Foram cerca de 500 mortos e 20 mil torturados. Centenas de desaparecidos que até hoje não tiveram seus corpos encontrados. 

Nessa época também eram cometidos inúmeros feminicídios e não existia sequer uma delegacia da mulher, criada em 1985 fruto da luta das feministas.

Eram milhares de casos de violência sem consequências para os agressores e nem perspectiva para as mulheres.

“Disseram que não queriam informação alguma, apenas matá-la de forma lenta e cruel, como merecem os terroristas. Foi estuprada. Era obrigada a limpar a cozinha completamente nua, ouvindo gracejos e obscenidades grosseiras”. Esse é um relato sobre Inês Etienne Romeu, retratado na matéria “Torturadas pela ditadura por não seguirem o exemplo das Mulheres de Atenas”. Bancária, militante contra a ditadura, uma das mulheres torturadas por não concordar com o regime. É isso que Bolsonaro quer para as mulheres que não concordam com seu governo de exploração.

Esses são apenas alguns motivos que as mulheres de todo o Brasil tem para ir às ruas contra o governo Bolsonaro, como fizeram diversas vezes desde 2018. Mas ainda existem muitos outros: são 33 milhões de brasileiros que passam fome todos os dias, 500 mil crianças vítimas de exploração sexual e nenhum centavo pago para a Casa da Mulher Brasileira em 2022.

Bolsonaro sabe que o povo e, principalmente, as mulheres são contra seu governo, por isso ataca a democracia e tentará impor um regime autoritário, ditatorial à classe trabalhadora que já não suporta mais a situação do país.

As mulheres que já demonstraram que não aceitariam caladas o machismo, a misoginia e o ódio de classe, principalmente às trabalhadoras de nosso país, devem ir às ruas no dia 7 de setembro, lutar pela garantia da democracia, por nossas vidas e, principalmente, pelo poder popular!