Conheça a Batalha de Slam, cultura marginal que vem crescendo entre a juventude pobre e trabalhadora. UJR organizou primeira edição do Slam Rebelião no último dia 17. Evento reuniu poetas de várias cidades do estado.
Debrá Costa, Nova Iguaçu-RJ
A Batalha de Slam é uma cultura marginal que surgiu na década de 80, em Chicago, Estados Unidos, para mostrar que a poesia não é coisa das elites. Nasceu para ser um espaço de acolhimento, onde a população periférica pode compartilhar suas vivências através da palavra e da poesia.
Os temas mais abordados são racismo, machismo, LGBTfobia, amor e revolução. São escolhidos, aleatoriamente, cinco jurados entre o público, o poeta recita sua poesia e recebe as notas. Quem tiver a maior nota, vence. Mas mais do que para vencer, as pessoas frequentam as rodas de Slam para jogar pra fora as angústias que o sistema capitalista coloca em seus corações.
No último dia 17, a União da Juventude Rebelião, junto com produtores culturais apoiadores da Unidade Popular, realizou a primeira edição do Slam Rebelião. O evento reuniu poetas do Rio e de várias cidades da Baixada Fluminense na Praça dos Direitos Humanos, em Nova Iguaçu, sob o grito “Afeto e poesia para fazer revolução, Slam Rebelião”.
O evento começou com uma roda de conversa com o tema “Poesia como forma de resistência” onde os poetas falaram sobre como a poesia mudou suas vidas e os ajuda a lidar com a depressão e a ansiedade, sobre como é difícil viver de arte no Brasil devido à falta de recursos e que, muitas vezes, os artistas de rua passam o dia trabalhando e voltam pra casa sem o dinheiro da janta. Foi comentado sobre slammers em situação de rua e sobre como muitos destes já desistiram de tentar pagar o aluguel.
Juliette Pantoja, candidata ao Governo do Rio de Janeiro pela Unidade Popular (UP), fez uma fala e se emocionou ao contar que mesmo o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), no qual atua há mais de 10 anos, tendo realizado mais de 20 ocupações
durante a pandemia de covid-19, ainda há pessoas que morrem de frio por falta de abrigo. A candidata ressaltou que morar dignamente deve ser um direito, não um privilégio. E que estar em um ambiente de coletividade e acolhimento com artistas dispostos a fazer a revolução através da cultura é uma das coisas que dá certeza da vitória rumo à construção do socialismo.
Iniciada a batalha, dez poetas se apresentaram, ressaltando em suas poesias temas como a violência policial no Rio de Janeiro, o racismo estrutural, o apagamento da cultura preta realizado pelo Estado burguês, o abandono paternal e o machismo no meio do rap. Integrantes da banca Baixada Crew também puxaram palavras de ordem exigindo o fim da polícia militar, uma pauta histórica do movimento hip-hop.
O rapper e poeta Gabriel GB, candidato a Deputado Estadual pela Unidade Popular (UP), foi um dos três finalistas nesta edição do Slam. Falou sobre a necessidade de união do povo preto para transformar esse sistema e ficou em segundo lugar com a poesia “Carta aos homens pretos”, disponível em todas as plataformas digitais. Em terceiro lugar, falando sobre a necessidade da manutenção e ampliação da política de cotas e a dificuldade de ser preto na Universidade Federal sem políticas efetivas de assistência estudantil, ficou o rapper e poeta marginal Toni, de Belford Roxo, membro da banca BxD Crew.
PS Raio Negro foi o campeão da primeira edição do Slam Rebelião, falando sobre o mito do racismo reverso e da democracia racial no Brasil, recebendo a premiação arrecadada coletivamente de R$ 50 + o livro Til, de José de Alencar, que fala sobre o processo de libertação da população escravizada do Brasil.