Dinheiro do Orçamento Secreto financiou esquema de reeleição de deputados e senadores fascistas e do Centrão
Felipe Annunziata | Redação Rio
BRASIL – Hoje (4), 100% das urnas do 1º turno das eleições foram apuradas pelo TSE. Do ponto de vista dos eleitos para a Câmara dos Deputados e para o Senado, o resultado foi a coligação do fascismo com o Centrão, elegendo as maiores bancadas. O PL, do fascista Bolsonaro, com 99 deputados, o PP, do chefe do Centrão Arthur Lira, com 47, e o Republicanos, da Igreja Universal, com 41, elegeram juntos 187 deputados.
Além desses partidos que fizeram a campanha do fascista, juntam-se também outros partidos do Centrão: União Brasil (59), ligado às oligarquias estaduais, MDB (42) e PSD (42), totalizando 143 deputados eleitos. Esses partidos hoje estão com um pé na canoa de Bolsonaro e outro na canoa de Lula no 2º turno.
No campo da socialdemocracia, PT, PSOL, PCdoB, PDT, PSB e Rede mantiveram o tamanho da atual legislatura, elegendo juntos 125 deputados. Na prática, a correlação de forças na Câmara e no Senado se mantive a mesma de antes da eleição. A diferença é que os antigos partidos da direita neoliberal (PSDB, Cidadania, Podemos e Novo) saíram derrotados, perdendo muitos deputados. O PSDB, que já governou o Brasil por 8 anos, elegeu apenas 13 deputados.
A grande mudança está, no entanto, entre os nomes que foram eleitos. Em vários estados, principalmente no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, deputados fisiológicos dos partidos do Centrão foram substituídos por nomes fascistas dos mesmos partidos, a exemplo do General Pazuello (PL), ex-ministro responsável pelo morticínio na pandemia, e Nikolas Ferreira, youtuber fascista eleito pelo PL em Minas Gerais.
Cenário se repete no Senado
PL, PP e Republicanos também garantiram uma ampliação da coligação fascista no Senado. Juntos elegeram 13 das 27 cadeiras em disputa na Casa. Com o resultado, os apoiadores de Bolsonaro reúnem 23 de 81 senadores. Assim como na Câmara, se verificou a eleição de figurões fascistas, como Marcos Pontes (PL-SP), ex-ministro da Ciência e Tecnologia responsável pela destruição do orçamento da ciência, e Hamilton Mourão (Republicanos-RS), general fascista atual vice-presidente da república.
Assim como a Câmara, o Senado continua sobre controle dos demais partidos de direita ligados às oligarquias locais, representado no PSD, MDB e União Brasil, que juntos alcançaram 31 senadores. A socialdemocracia no Senado não apresentou muitos ganhos, PT, PDT, PSB e Rede alcançaram 13 senadores, ampliando apenas uma cadeira em comparação com a composição anterior do Senado.
Corrupção do Orçamento Secreto garantiu reeleição do Centrão
Esse domínio da aliança do Centrão com o fascismo nas eleições parlamentares se deve, principalmente, ao dinheiro da corrupção vindo do Orçamento Secreto. Desde 2020, com o apoio de Bolsonaro, os deputados e senadores desse campo político destinaram bilhões de reais do dinheiro público para emendas parlamentares sem fiscalização.
Só em setembro, para garantir o sucesso nas urnas, Bolsonaro liberou R$ 5,6 bilhões para o Centrão em emendas do Orçamento Secreto. Para ter dinheiro à disposição, o ex-capitão cortou verba do programa Farmácia Popular, da merenda das crianças nas escolas e dos programas de combate ao câncer.
O Centrão, por sua vez, usa o dinheiro para fazer obras desnecessárias e superfaturadas, ganhando com o desvio de recursos e propinas. Com essa verba, eles compram votos e fazem caixa 2 para a reeleição.
O resultado da eleição para o legislativo coloca ainda mais na ordem do dia a chance do fascismo representado por Bolsonaro tentar um golpe no Brasil. Será necessário ampliar a resistência nas ruas contra as reformas antipovo que o “novo” Congresso irá defender.
Arthur Lira já disse em entrevista à GloboNews que o Congresso será “mais liberal e reformista”. Ele já quer pautar a Reforma Administrativa, que acaba com o SUS e a educação pública, além da privatização da Petrobras.
Deputados fascistas e aqueles alinhados ao fisiologismo do Centrão, em geral, são todos entreguistas e ameaçam a soberania do país.