Feder, empresário privatista será o secretário de educação de São Paulo

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A decisão de indicar Feder como secretário demonstra qual será o caráter da gestão de Tarcísio na educação paulista: precarização e sucateamento.

Thais Gasparini | Professora e militante do MLC


SÃO PAULO – Antes mesmo de assumir o cargo, Tarcísio de Freitas, eleito governador de São Paulo pelo Republicanos, indicou o nome de Renato Feder – atual secretário de educação do Paraná no governo de Ratinho Junior (PSD) – para assumir a secretaria de educação. O mesmo chegou a ser cogitado para assumir o Ministério da Educação pelo governo Bolsonaro.

Dizendo que já havia ganhado muito dinheiro em sua empresa (Multilaser) e que, naquele momento, queria trabalhar para a educação pública, Feder aceitou o convite para o governo do Paraná, como se fosse simples assumir uma responsabilidade dessa, apenas por “hobby”, já que Feder não possui qualquer formação na área da educação.

Em seu livro, publicado em 2007, o empresário deixa claro que defende a privatização total das escolas e universidades além da extinção do MEC, adotando o “Estado mínimo”. Mínimo apenas para as necessidades do povo, e máximo para garantir seus privilégios.

Prova disso foi sua gestão no Paraná. O último feito de Feder foi abrir um edital que contrata empresas para gerir 27 escolas estaduais, aumentando a terceirização. Além disso, em sua gestão foram implementadas as escolas cívico-militares: ao menos 195 escolas estaduais passaram a funcionar neste modelo. A justificativa foi que os alunos precisavam entender sobre hierarquia, já que eram “malandros” e “malfeitores”.

Terceirização é a palavra-chave para a gestão do empresário, que previa terceirizar a merenda das 2,1 mil escolas estaduais paranaenses. Mais um passo rumo a má qualidade no desempenho dos alunos, já que inspetoras também são terceirizadas.

Infelizmente, essa é uma maneira facilitada para driblar as responsabilidades fiscais, diminuindo a folha de pagamento do funcionário e aumentando o lucro dos empresários.

O que esperar de um secretário da educação que, no pior momento da pandemia, disse “se vira” para os alunos que não possuíam equipamentos tecnológicos para acompanhar as aulas remotamente?

E qual a perspectiva que podem ter os(as) professores(as) sabendo que serão chefiados por alguém que disse em alto e bom tom que o problema da educação é que os professores eram semianalfabetos e contratou aulas EAD ao invés de contratar mais professores(as)?

Para aquele que deveria ser o primeiro interessado em resolver os problemas da educação, é só mais uma prova do descaso com que ele trata a educação pública.

Os resultados da educação em São Paulo mostram um déficit de anos, resultado de um governo tucano que enxugou os investimentos nessa área tão importante para a formação do indivíduo.

É necessária uma profunda transformação na estrutura econômica para superar essas dificuldades, mas com certeza a saída não é a apresentada pelo futuro secretário da educação.

Ao invés de aumentar em 50% o salário do governador, deve-se investir na educação pública: na estrutura das escolas, revisão da proposta curricular, em merenda de melhor qualidade, concurso público para todos os funcionários e aumento de salário.

A comunidade escolar terá grande responsabilidade para enfrentar e combater essa política liberal e garantir o direito de uma educação de qualidade para toda a população.