Denunciando os cortes na educação, os estudantes fecharam todas as entradas para carros na universidade e fizeram barricadas em todos os centros.
João Rio, Gabi Bala e João Victor | Florianópolis
JUVENTUDE – Nos últimos meses do mandato fascista do Governo Bolsonaro, que desde o início faz de tudo para impedir o funcionamento do ensino público, o ex-capitão aproveitou para roubar o dinheiro das instituições federais de ensino. No dia 28 de novembro de 2022, foram saqueados ao todo 1,68 bilhões do orçamento da educação e 224 milhões das universidades. A UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) sofreu um bloqueio nos recursos financeiros de R$7,9 milhões.
O que significa materialmente falando, que, se existia alguma garantia de funcionamento até o final do ano, esta foi totalmente aniquilada pelos novos cortes.
O financeiro de uma das principais universidades catarinenses já vinha empurrando o pagamento de contas e destinando o possível para o funcionamento básico da instituição. Tentando manter principalmente o funcionamento do restaurante universitário, o pagamento de bolsas e o acerto das contas de água e luz.
Porém, a nova retaliação criminosa do governo, deixa os estudantes sem perspectiva para a posteridade. Durante a primeira semana de Dezembro, bolsistas Pibe, Prae e monitores, tanto da graduação quanto da pós-graduação, ficaram sem o recebimento das suas bolsas.
O que pode gerar situações de vulnerabilidade alimentar, financeira e psicológica, devido não saber quando vão ter seu direito enquanto bolsista novamente garantido. Além disso, o funcionamento do RU foi atingido e o salário dos trabalhadores terceirizados veio atrasado, descontado, e sem o vale transporte e alimentação.
Com isso, em assembleia geral, os estudantes deliberaram consensualmente a paralisação total da universidade durante a quinta-feira, dia 08/12.
Greve geral
Os estudantes fecharam todas as entradas para carros na universidade e fizeram barricadas em todos os centros. Através da ação de impedir a entrada dos carros, estudantes abordaram professores e alunos que tentavam seguir com as aulas rotineiras, e a partir do diálogo e agitação, proporcione a possibilidade de elevar a consciência dos trabalhadores e estudantes, para então se somar à luta contra o fascismo e os cortes das verbas da educação.
Na hora do almoço, foi feita uma agitação no restaurante universitário, em protesto realizaram de forma organizada um catracaço. Servindo como exemplo e ressaltando a força dos estudantes em resistir à expulsão que vem sendo tentada pelo governo, num plano de precarização que continua avançando, atrelado ao projeto criminoso de desmonte do ensino público.
Durante o dia, foi dada a notícia da liberação de 300 milhões de reais para repasse de recursos para o MEC, o que possibilitaria o pagamento de todas das bolsas de monitoria, do Programa Institucional de Bolsas de Estágio (Pibe/Prograd) e do Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes). Este último, contempla os benefícios da Pró-Reitoria de Permanência e Assuntos Estudantis (Prae): Bolsa Estudantil, Auxílio Moradia, Auxílio Creche e Programa de Assistência Estudantil para Estudantes Indígenas e Quilombolas (PAIQ). Isso desafogou a situação dos estudantes trabalhadores, mas que também não pode ser visto como uma medida de uma solução do real problema.
Situação desumana para os trabalhadores
Os estudantes e trabalhadores das universidades federais, estão diretamente ligados ao plano neoliberal de privatização das universidades e de destruição de direitos e garantias de acesso e permanência para a classe trabalhadora.
Esse plano vem sendo alimentado desde muito antes do atual governo. O valor arrecadado pelo estado, recolhidos de impostos pagos por trabalhadores, deveria reverter a educação pública, e este capital está na verdade, enchendo os bolsos de capitalistas que lucram com a educação, através de políticas públicas como Fies e Prouni, que tem por fim inserir estudantes em faculdades privadas e não proporcionando mais universidades pública.
As faculdades privadas podem até proporcionar uma forma de acesso, entretanto ocasiona o endividamento do estado e até mesmo dos estudantes. Além de privar a formação gratuita de qualidade e o direito a políticas referentes à permanência estudantil, servindo para garantir o mínimo, como a refeição, moradia, lazer e estrutura, e sobretudo se distanciando da lógica lucrativa na formação em geral.
Assim, o Movimento Correnteza compromete-se em pensar uma articulação desta luta coletiva, sendo os estudantes a ponta de lança das mobilizações universitárias. Pensando para além da institucionalidade, tendo a preocupação de construir atividades sem que prejudique, por exemplo, os trabalhadores terceirizados que têm seus salários nas mãos de patrões preocupados somente com a estabilidade do lucro.
Mesmo que haja o retorno das verbas retiradas, devemos permanecer politizando todos os espaços onde nossa militância está, arrastando muito mais estudantes para a luta coletiva por uma educação 100% gratuita e preocupada com o acesso da população.