Como as mães estudantes vão estudar de maneira qualificada? Como de fato as instituições estão garantindo o acesso desses estudantes? Com o retorno às aulas presenciais, a ausência de assistência estudantil para as mães tornou-se gritante.
Isabelle Salim | Cabo Frio – RJ
LUTA POPULAR – Uma esmagadora quantidade de jovens evadiram das escolas e universidades de todo o Brasil. É o que mostra o levantamento da organização Todos pela Educação, com dados de 2021, que registrou um crescimento de 171,1% de evasão escolar em relação a 2019.
Dados do Censo da Educação Superior de 2020 mostram redução de 18,8% no número de estudantes que conseguiram concluir a graduação. Vale ressaltar que esta pesquisa foi produzida enquanto a pandemia do COVID-19 se tornava uma realidade no dia a dia do povo brasileiro.
Em 2022, com a volta à presencialidade, algo já há muito tempo relatado e denunciado tornou-se gritante: Como as mães estudantes vão estudar de maneira qualificada? Como de fato as instituições estão garantindo o acesso desses estudantes?
Assistência estudantil é fundamental
Tem-se como exemplo o Instituto Federal Fluminense Campus Cabo Frio, que atende estudantes de ensino médio, técnico e superior e de toda a Região dos Lagos (interior do Rio de Janeiro). E mesmo com toda sua influência, não possui nenhum tipo de assistência estudantil voltada para estudantes que se tornaram mães. Ou até mesmo espaço para crianças.
O IFF tem auxílio estudantil, mas como todas as outras instituições, é precarizado. Além do espaço, é necessário pessoal qualificado para ficar com as crianças. O que vai além da questão orçamentária. Esses estudantes necessitam de espaço para seus filhos e principalmente obter alguma qualidade de ensino e formação acadêmica.
Como afirma a estudante Yngrid Manarino: “Nós mães somos excluídas do espaço de formação porque esse espaço é hostil a crianças. Então, uma mulher hoje que se torna mãe, dificilmente vai conseguir estudar se ela não tiver uma grande rede de apoio. A verdade é que a gente não precisa só de rede de apoio, a gente precisa de política pública, de assistência estudantil, de creche e etc. De tudo que um estudante precisa só que em dobro, porque além de precisar estudar, é preciso cuidar de uma criança e criar. O curso quando ele não é pensado para poder acolher todas essas pessoas – trabalhadores, mães – ele acaba sendo elitista, acaba sendo excludente e expulsando mães da faculdade. Eu sou mais uma estatística de uma mãe que largou o ensino federal para poder criar meu filho.”
Essa situação mostra o necessário investimento na educação. Para que as estudantes consigam criar seus filhos e estudar para conquistar uma vida digna para si e sua família.