Operação resgata 206 pessoas em trabalho análogo ao escravo na cidade de Bento Gonçalves. Vítimas passaram por violência física, longas jornadas de trabalho e comiam alimentos estragados.
Amanda Benedett | Redação RS
BRASIL – Na noite do dia 22 (quarta-feira), seis homens conseguiram fugir da vinícola que estavam sendo aprisionados para denunciar para a Polícia Rodoviária Federal a situação de 206 homens que viviam em estado análogo à escravidão na cidade de Bento Gonçalves no Rio Grande do Sul. As empresas Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton eram as responsáveis pela utilização de mão de obra análoga a escravidão.
Os trabalhadores relataram para a polícia que eram submetidos a jornada de aproximadamente 15 horas de trabalho, com folga apenas aos sábados. Além de estarem alojados em espaços minúsculos que eram inadequados. As comidas que eram oferecidas por diversas vezes estavam estragadas, com cheiro de podre.
Um dos trabalhadores relatou à imprensa: “Todos os dias, a gente amanhece com o pensamento de ir para casa. Mas não tem como a pessoa ir para casa, porque eles prendem a gente de uma forma que ou a gente fica ou, se não quiser ficar, vai morrer. Se a gente quiser sair, quebrar o contrato, sai sem direito a nada, nem os dias trabalhados, sem passagem, sem nada. Então, a gente é forçado a ficar”
Foi relatado à polícia que as vinícolas pagariam em torno de 3000 reais a eles, porém esse pagamento não foi realizado em nenhum momento. E os trabalhadores que buscavam sair desse trabalho ou então questionavam sobre as condições desumanas que estavam vivendo, eram coagidos a pagar uma multa ou violentados pelos chefes.
Spray de pimenta e choques elétricos foram encontrados
O resgate foi realizado pela polícia que está alocando esses trabalhadores no Ginásio Darcy Pozza. Segundo o Ministério do Trabalho (MP) são 215 pessoas vivendo sob essas condições.
Esse é o maior resgate registrado no Rio Grande do Sul, de pessoas em estado análogos escravidão, segundo o ministério do Trabalho e do Emprego. O Estado ainda não se manifestou acerca do caso desumano que os trabalhadores viveram. Tampouco foi relatado quais serão as punições para as vinícolas e as empresas que os “contratou” para submetê-los ao estado análogo à escravidão.
Segundo estudos da ONG Walk Free Foundation, o Brasil tem 144 mil trabalhadores em situação de escravidão. Esse caso demonstra que o capitalismo ainda se utiliza do escravismo para obter o seu lucro máximo às custas da super exploração da vida dos trabalhadores. É necessário lutar pela responsabilização dos culpados, e pelo fim desse injusto e ultrapassado sistema que esmaga o povo.