Em memória e luta por Janaína, estudantes do Rio Grande do Sul realizaram uma manifestação contra assédios e violências sexuais na UFRGS.
Amanda Benedett e Samara Garcia, militantes da UJR e estudantes de Letras da UFRGS.
MULHERES – Janaína Bezerra foi assassinada em uma sala da Universidade Federal do Piauí (UFPI), entre a noite 27 e 28 de janeiro. Ao delegado de polícia, o violentador alegou que a jovem desmaiou durante uma relação sexual consentida, e que tentou prestar ajuda. Entretanto, um segurança da Instituição o avistou carregando o corpo da aluna ensanguentado e os encaminhou ao hospital, onde a vítima já chegou sem vida após ter seu pescoço quebrado. Além disso, na sala, foram encontrados uma mesa e um colchão com resquícios de sangue.
Não são de hoje, ainda, os inúmeros relatos dos estudantes quanto à falta de políticas de segurança dentro da Universidade, já que os alunos são constantemente alvos de assaltos e as alunas sofrem constantes assédios e estupros.
Essa é a realidade das Universidades Federais do país: campis sem iluminação e equipes de segurança patrimonial precárias e, na imensa maioria das vezes, despreparados para identificar e acolher situações de violência.
As estudantes, vítimas de violências sexuais e de gênero não contam com espaços adequados para denúncias e acolhimento. No caso de Janaína, mesmo mortas e com lesões que compravam a violência, são desmoralizadas devido a cultura do estupro em nosso país.
Estupros e assédios na UFRGS são acobertados
Infelizmente, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, assim como as outras universidades, segue acobertando casos de assédio e estupro ocorridos em seus espaços.
Devido a tudo isso, ocorreu no dia 01/02 um ato contra assédios e violências sexuais na Faculdade de Educação da UFRGS, que fez uma caminhada até a Reitoria onde foi entregue uma carta assinada por diversos centros acadêmicos, em conjunto com a Casa de Referência Mulheres Mirabal e o Movimento Olga Benário.
A carta exige que administração superior construa Fóruns Permanentes voltados para os casos de assédio e violência de gênero, raça, etnia e/ou orientação sexual dentro da Universidade. Além disso, o Movimento Correnteza e Olga Benário têm realizado plenárias de identificação dessas violências e, principalmente, buscado acolher as vítimas e auxiliado elas a registrar as denúncias.
Enquanto vivermos em uma sociedade patriarcal, é preciso seguir na luta pela vida das mulheres, pelo fim do machismo, assédio, por justiça por Janaína e por todas as vítimas de feminicídio.