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domingo, 22 de dezembro de 2024

Povo equatoriano derrota governo neoliberal em referendo e esquerda avança no país

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Governo neoliberal de Guilhermo Lasso perde referendo nacional e sai derrotado em eleições locais no Equador. Esquerda revolucionária avança no país com eleição de representantes em todas as províncias. Resultado traz desafios para a luta popular no Equador.

Felipe Annunziata | Redação Rio

Com informações do jornal En Marcha, do Equador


INTERNACIONAL – Neste domingo (5), mais de 6 milhões de equatorianos saíram a votar nas eleições locais e num referendo nacional. Elegeram centenas de vereadores, prefeitos e os prefectos (uma espécie de governador) das 24 províncias do país.

Os povos do Equador também tiveram que responder a um questionário de 8 perguntas com propostas do governo neoliberal de Guilhermo Lasso para alterar a Constituição de 2008. Entre as perguntas estavam medidas antidemocráticas como diminuir o tamanho da Assembleia Nacional e mudar as competências do Conselho de Participação e Controle Social, um órgão eleito pelo povo responsável por fiscalizar e aprovar as nomeações do governo.

Derrota grande do governo neoliberal

Os resultados, consolidados apenas nesta terça (7), apontaram uma grande derrota do governo Lasso. Todas a propostas do referendo foram rejeitadas pela maioria do povo. O partido de Lasso e seus aliados tiveram grandes derrotas nos grandes centros urbanos e no interior do país.

Em entrevista ai jornal equatoriano En Marcha, o diretor nacional do Partido Unidade Popular, Geovanni Atarihuana, fez um balanço do processo eleitoral. Para ele, “o povo castigou o governo neoliberal de Guilhermo Lasso, votando 8 vezes não. Não caiu no engano na consulta popular. Se demonstrou que os trabalhadores e os povos não compraram o conto que o [palácio presidencial de] Carondelet construiu no que diz respeito ao referendo.”

Ele acrescenta que “com este resultado se demonstra que os equatorianos e equatorianas não confiam num governo medíocre, mentiroso, indolente e corrupto como o de Lasso. Os principais derrotados são a direita neoliberal encabeçados pelo governo que não ganharam nenhum governo provincial e o Partido Social Cristão que perdeu seu bastião [Guayaquil] e reduziu sua votação em várias províncias, como em Manabí e El Oro.”

Unidade Popular tem desempenho vitorioso no Equador

Atarihuana pontua também o desempenho de seu partido de esquerda revolucionário Unidade Popular. A organização elegeu representantes em todas a províncias. Conseguiu reeleger sua prefecta (governadora) da província de Orellana (região amazônica), Magali Orellana. Além de ter vencido, em aliança com o movimento indígena Pachakutik, o governo provincial de Zamora-Chinchipe, no extremo sul do país.

Nas eleições para as prefeituras e conselhos locais (uma espécie de Câmara de Veradores), o partido teve importante vitória, mais de 90 consejalías (vereadores) foram eleitos, em áreas urbanas e rurais. Além disso, a UP elegeu representantes em centenas de juntas paroquiais (órgão que não há correspondente no Brasil, mas que representa localidades, bairros e distritos). Uma importante vitória foi também a eleição de 19 prefeitos, sendo um deles da cidade de Latacunga, um importante município no centro do Equador.

Atarihuana pontua a importante vitória do partido, inclusive superando a cláusula de barreira que impede organizações de esquerda de se firmarem no sistema eleitoral do Equador.

“Evidentemente, nos reafirmamos como uma das principais forças políticas do Equador. Vamos superar 4% dos votos nacionais. Este trabalho é fruto da dedicação da militância, dos candidatos, amigos e simpatizantes da Unidade Popular, aos quais agradecemos por seu esforço.”, afirmou ele.

Eleições e referendo são importante avanço nas lutas populares

A situação política no Equador avança no sentido de impor ainda maior organização dos setores populares. Apesar da derrota do neoliberal Lasso, outros setores da política tradicional equatoriana, como o correísmo (partidários do ex-presidente Rafael Correa) avançaram em importantes centros do país.

Além disso, Geovanni Atarihuana aponta muitos desafios para o futuro, e uma extensa pauta de transformações necessárias para os povos do Equador.

“O governo chama hoje a um diálogo, nós não confiamos no governo, assim como mais de 80% dos equatorianos. A Unidade Popular é partidária de que saiam todos, tanto o governo quanto a Assembleia corruptos. É necessário uma mudança de política, soluções existem para sair da crise. Baixar as taxas de juros, cobrar impostos aos invasores de terras do povo, destinar o petróleo para o investimento em saúde e educação, depurar as Forças Armadas e a Polícia para combater o narcotráfico. Para isso, é necessário mudar a política e portanto mudar de governo.”

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