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domingo, 3 de novembro de 2024

A violência obstétrica, a indústria do leite e seus impactos na vida das mulheres e crianças

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Giovana Ferreira e Jessica Calderazzo

Movimento de Mulheres Olga Benario

Como já sabemos, o sistema capitalista, baseado no modelo patriarcal e machista, oprime e explora mulheres do mundo inteiro. 

Na maternidade isso não poderia ser diferente, principalmente entre as mulheres pobres e da classe trabalhadora. Num momento de espera, em que deveria ser feliz devido a chegada de uma nova vida, muitas mulheres sofrem uma das formas mais cruéis de violência: a obstétrica.

Essa violência que é caracterizada pela negligência e/ou abuso, seja ele físico ou psicológico, que acontece durante a gestação, parto, pós-parto e abortamento, pode deixar sequelas emocionais, físicas e até fatais. Segundo levantamento da Fiocruz, cerca de 45% das mulheres já sofreram violência obstétrica nas maternidades públicas brasileiras, enquanto na rede privada esse número chega a 30% dos casos. 

Mas não se enganem: a violência obstétrica tem cor e classe. Conforme a observação do estudo realizado pelo Painel de Monitoramento de Mortalidade Materna do Brasil, as mulheres negras e periféricas somam 61,3% do total de vítimas da violência obstétrica. São elas também as menos propícias a receberem anestesia durante o parto e procedimentos dolorosos, como mostra a pesquisadora da Fiocruz, Maria do Carmo Leal, em que “desse grupo de mulheres que receberam o corte no períneo, em 10,7% das mulheres pretas não foi aplicada a anestesia local para a realização do procedimento, enquanto no grupo das mulheres brancas a taxa de não recebimento de anestesia foi de 8%”.

Logo, evidenciando os estereótipos racistas herdados no período colonial da história do Brasil em que as mulheres negras eram colocadas na posição de parideira, com base em suas características. 

A indústria da fórmula infantil no Brasil e sua política de lucro acima da saúde dos bebês e crianças

Sabe-se que o aleitamento materno é o alimento mais saudável e adequado para bebês e crianças desde o seu nascimento, servindo não só como alimento, mas também como um tipo de vínculo entre mãe e o bebê, além de fator protetor contras diversas doenças, como infecções respiratórias e diarreia.     

No sistema capitalista onde é preconizado o lucro de poucos acima do bem-estar de toda a população, empresas como a Nestlé e Danone investem bilhões em comerciais e, até mesmo, em patrocínios de profissionais da saúde, como aponta a Fiocruz, em que 70% dos pediatras recebem patrocínios da indústria de fórmulas infantis no país. São essas empresas transnacionais globais de alimentos que investem 3,5 bilhões de dólares com marketing por ano com o intuito de convencer milhões de pais e mães a consumirem seus produtos, passando a falsa ideia de serem mais saudáveis, que contribuem para o desenvolvimento do bebê e ajudam a reduzir as cólicas.

Assim, surgindo como consequência dessa doutrinação capitalista, o entendimento de que o leite materno é inferior e/ou “fraco”, sendo não suficiente para alimentar a criança, se colocando em contraponto da Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde que afirmam que o leite materno é inigualável a qualquer outro leite, já que contém propriedades únicas e é produzido biologicamente para suprir a necessidade de cada criança, assim devendo ser mantido por até dois anos ou mais. 

Tudo isso mostra o quanto o sistema econômico capitalista vigente não se importa com a vida de milhões de bebês e crianças, visando somente o próprio lucro. Além de ficar exposto também sobre a necessidade de construirmos uma sociedade em que os interesses humanos sejam colocados em primeiro lugar e, por isso, a luta contra a exploração e opressão dos trabalhadores e das trabalhadoras por uma sociedade mais justa deve ser contínua até a vitória final: a tomada do poder pelo povo.

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