Metroviários de MG em luta contra a privatização

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Privatização ameaça o futuro de 1.600 trabalhadores, que estão na mira de serem demitidos. Servidores da CBTU realizam greve, e Metrô de Belo Horizonte completa um mês parado em luta desde o dia 14 de fevereiro.

Redação MG


BRASIL – No dia 14 de fevereiro, trabalhadores e trabalhadoras metroferroviários de Belo Horizonte e Região Metropolitana retomaram a greve com paralisação total dos serviços e adesão de 100% da categoria para impedir a privatização do metrô. O Governo Federal, na gestão do fascista Jair Bolsonaro, negociou a seção mineira da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) a preço de banana, com o valor subavaliado em pouco mais de R$ 25 milhões (o preço de um trem; a empresa tem 37 trens), ameaçando o futuro de 1.600 funcionários, que estão na mira de serem demitidos.

A assinatura do contrato de venda da CBTU-MG, empresa pública responsável pela operação do metrô na Região Metropolitana de Belo Horizonte, está prevista para 10 de março. Caso a privatização seja consumada, a Comporte – única empresa interessada na negociata, ainda receberá um super prêmio de R$ 3,2 bilhões, que serão desviados da União e do Estado de Minas Gerais, ou seja, dos cofres públicos, para administrar o metrô.

No dia 28 de fevereiro, uma caravana saiu de Belo Horizonte para Brasília, com trabalhadores e usuários, que fizeram manifestação cobrando que o governo do presidente Lula cumprisse a promessa feita durante a campanha eleitoral de impedir a privatização do metrô.

Como resultado dessa pressão, após cerca de quatro horas, o Sindimetro-MG se reuniu com os ministros Rui Costa, da Casa Civil, e Márcio Macedo, Chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Na reunião, os representantes do Governo alegaram que, apesar dos inúmeros erros no edital, não suspenderão a privatização, mas se comprometeram em realocar os empregados em outros órgãos e evitar as demissões em massa previstas.

“Defendemos que o metrô permaneça estatal e que sua expansão ocorra pelas mãos da CBTU, que possui corpo técnico experiente e qualificado, que seja uma obra pública e que leve o metrô para mais cidades mineiras, atendendo às necessidades reais da população”, afirmou Pedro Vieira, diretor do Sindimetro-MG.

Roteiro do crime

A criminosa e lesiva privatização ocorreu no dia 22 de dezembro de 2022, já no apagar das luzes do governo reacionário, com total apoio e participação direta de seu cúmplice, o governador de Mina Gerais Romeu Zema. O Grupo Comporte apresentou sua oferta e deu início ao processo de compra da CBTU, empresa com patrimônio estimado pelo BNDES em mais de R$ 750 milhões.

O aporte de mais de R$ 3 bilhões é para que a Comporte faça as obras de modernização da linha 01 e a construção de uma segunda linha. Porém, o prazo das obras é de até 30 anos.

A luta dos metroviários é contra as demissões e pela defesa do metrô público e estatal. Além disso, os trabalhadores defendem a expansão pública e que um projeto seja construído ouvindo os interesses da população.

Segundo o Sindimetro-MG, com os recursos que serão destinados a essa privatização é possível construir mais linhas, desde que feitas pela CBTU-MG pública, pois os números do edital estão superfaturados para enriquecer os compradores.

Com a venda, trabalhadores serão demitidos ou terão seus direitos reduzidos, mesmo tendo feito concurso público. A alternativa apresentada é de um ano de estabilidade nos empregados. A Comporte pretende ainda implantar a bilhetagem automática, o que significa a demissão de 360 empregados. E assim será em todas áreas.

A população também já está sendo impactada e a imprensa dos patrões faz propaganda que a culpa da greve é dos trabalhadores.

“A privatização é o roubo de um importante patrimônio público. E o pior, que ela já traz um prejuízo muito grande à população, que continuará vivendo um caos nos sistemas de transportes urbanos de BH e região, sem falar da ameaça ao emprego de mais de 1.600 trabalhadores. Seguiremos na luta até o fim!”, denuncia Pedro Vieira.

Desde o governo do golpista Michel Temer, seguido por Bolsonaro, a tarifa do metrô saltou de R$ 1,80 para R$ 4,50 e agora, com a privatização, a Comporte terá autorização para aumentar a tarifa anualmente, no mês de março, considerando a inflação (IPCA) acumulada dos últimos 12 meses.

Importante saber que antes desses aumentos absurdos das tarifas o metrô transportava em média 230 mil usuários por dia, e hoje transporta em média 105 mil. A privatização impede a população de se locomover.

Matéria da edição impressa