UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

domingo, 22 de dezembro de 2024

No Maranhão, milhares de pessoas foram afetadas pela violência no campo em 2022

Outros Artigos

Maranhão continuou com histórico de mortes e violência no campo em 2022. Política fascista de Bolsonaro e apoio ao agronegócio pelos governos estaduais fortaleceram os conflitos nas áreas rurais. Indígenas, quilombolas e trabalhadores rurais são os principais atingidos.

Afonso Sodré | São Luís


BRASIL – Os conflitos no campo, envolvendo fazendeiros, camponeses, trabalhadores rurais, povos originários e quilombolas é um problema histórico no Brasil. Com o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, ocorreu um incentivo velado a grilagem de terras no país e as ameaças contra povos originários e quilombolas.

Desta forma esse problema tem crescido ainda mais. No Estado do Maranhão tal problema tem apresentado números alarmantes, que mostram que viver e trabalhar no campo tem sido uma luta pela sobrevivência.

Os conflitos pela terra no estado possuem um histórico de intensa violência, porém tem aumentado nos últimos anos e colocando a vida de mulheres, homens e crianças em risco. Segundo dados da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Maranhão (FETAEMA), em 2021, mais de 200 pessoas sofreram ameaças de morte e 7 foram assassinadas, no mesmo ano o Maranhão foi o único estado a registrar mortes de quilombolas em decorrência de conflitos no campo.

Em 2022, foram registrados quatro assassinatos em decorrência de conflitos rurais, quilombolas e indígenas foram mortos. Ainda segundo balanço da FETAEMA 55 cidades registraram conflitos, envolvendo 35.180 famílias e 238 pessoas foram ameaçadas de morte.

Após o término das eleições presidenciais, o estado registrou ao menos oito casos graves contra comunidades quilombolas. Os casos envolvem ameaças de expulsão e de morte por parte de fazendeiros, incêndios e invasões.

Um dos principais casos ocorreu no quilombo Marmorana, em Alto Alegre do Maranhão. No final de setembro o poço artesiano que abastece o quilombo foi destruído, em 31 de outubro uma roça foi incendiada, já em novembro o quilombo foi atacado por homens armados e sofreu um novo incêndio. O caso foi registrado na delegacia, um fazendeiro é apontado como o responsável, mas o crime permanece sem solução.

Esses conflitos, têm sido marcados pela violência e pela impunidade. Segundo o relatório do Conselho nacional dos direitos humanos – CNDH, publicado em 2022, entre 1985 e 2021 foram assassinadas 185 pessoas, todas em decorrência de conflitos no campo. Dentre as vítimas estão líderes sindicais, trabalhadores rurais, indígenas e quilombolas. Muitos desses casos permanecem sem um desfecho, muitos não chegaram bem ao menos a serem investigados, mostrando o descaso do poder público com a situação que vem ocorrendo no estado.

Interesses de latifundiários e capitalistas estão por trás da violência no campo

Mas como explicar esse aumento da violência no estado? Essa escalada na violência e nos conflitos pela terra, estão diretamente relacionados ao modelo de “desenvolvimento” econômico adotado no Maranhão, com o crescimento do agronegócio em terras maranhenses a ganância dos empresários do setor tem sido implacável no avanço sobre os territórios ocupados por indígenas, comunidades quilombolas e assentamentos camponeses.

Se acumulam os casos, em que empresas desse setor cometem algum crime contra os moradores do campo. Este foi o caso do avião agrícola que, em abril de 2022, lançou agrotóxicos sobre casas, escolas e pequenas roças em Duque Bacelar. Com o ocorrido as famílias perderam parte do seu sustento e alimentação, mais 300 crianças ficaram sem aula por 3 dias e os moradores ficaram doentes por conta da exposição ao agrotóxico.

A participação do governo federal e estadual, com suas políticas aliadas ao agronegócio incentivam ainda mais a presença de práticas que agridem os moradores dessas regiões e o meio ambiente. Segundo o INPE (Instituto nacional de pesquisas espaciais), em 2021 o Maranhão foi o estado que mais destruiu o cerrado.

A expansão do agronegócio no estado, é um processo que envolve uma violência assustadora. Expulsões, destruição do meio ambiente (afetando o cerrado e a floresta amazônica), contaminação de solos, das águas e das pessoas, além do aumento da desigualdade social são alguns dos crimes que acontecem todos os dias no estado. No governo do ex-presidente Bolsonaro esses conflitos só aumentaram, sobretudo na região sul e sudeste do Maranhão, região essa que é conhecida pela produção de soja e pela pecuária.

Todos esses conflitos e mortes evidenciam que o estado vive um momento de tensão e uma escalada de violência ainda maior no campo. As políticas neoliberais de incentivo ao agronegócio têm se mostrado como um ponto fundamental para o aumento dos assassinatos e de conflitos agrários no estado.

É necessário romper com este modelo que não só faz dos homens escravos dos próprios homens, mas também que os colocam como objetos descartáveis, podendo ser mortos a qualquer momento em nome do lucro de grandes empresários.

Conheça os livros das edições Manoel Lisboa

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes