Protestos em oposição a lei autoritária de Israel ignoram crimes contra palestinos

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Já são 11 semanas de protestos contra reforma do judiciário em Israel. Lei proposta pelo reacionário Netanyahu acaba com independência da Suprema Corte. Manifestações ignoram crimes cometidos pelo Estado de Israel contra palestinos.

Felipe Annunziata | Redação Rio


INTERNACIONAL – Hoje (27), milhares de israelenses interromperam o trabalho numa greve geral contra a reforma do judiciário proposta pelo premiê reacionário Benjamim Netanyahu. Já completam algumas semanas desde que os protestos no território de Israel começaram. Centenas de milhares de pessoas estão colocando o governo fundamentalista de Netanyahu sob pressão.

No entanto, apesar de toda solidariedade da mídia internacional, em especial a estadunidense, nenhuma manifestação até agora pautou também os crimes contra humanidade que Israel comete contra o povo palestino. 

A reforma do judiciário proposta por Netanyahu prevê diminuir os poderes da Suprema Corte e autoriza o Parlamento a revogar qualquer decisão judicial por maioria simples. Além disso, o projeto de lei prevê imunidade e impunidade a qualquer crime cometido pelo primeiro-ministro. Na prática, a proposta acabaria com os poderes do Judiciário israelense. 

A reforma gerou indignação na maioria dos cidadãos israelenses. No entanto, a mobilização não questiona outros problemas do Estado de Israel. Primeiro e mais importante é a continuidade do regime de Apartheid imposto ao povo palestino. Estradas segregadas, cidades segregadas, assassinatos diários de crianças e adultos palestinos, inclusive com fuzilamentos a sangue frio, ausência do direito de defesa e a um julgamento justo, são algumas das políticas que Israel impõe na Palestina. 

Ou seja, caso a medida de Netanyahu fosse aprovada, ela legalizaria o Estado autoritário para os israelenses, coisa que já existe para os palestinos há 75 anos. Hoje (27), o premiê decidiu suspender a tramitação da lei, diante do cenário de encurralamento do seu governo.

Israel, ao contrário do que a mídia tradicional prega, não é uma democracia. É um regime racista e autoritário que impõe uma ocupação ilegal e colonial ao território de mais de 4,9 milhões de palestinos. 

As mobilizações contra a medida tem tido um forte tom nacionalista, o que também está presente nos discursos do governo. As elites de Israel pregam para sua população que aquele Estado é a única democracia do Oriente Médio e que os povos de origem árabe e outras etnias da região não merecem qualquer tipo de cidadania.

Desde o início de seu governo, Netanyahu estimula a criação de novas colônias de judeus nos territórios ocupados. Os colonos, a maioria judeus de origem europeia, chegam e com a ajuda do Estado demolem casas e expulsam as famílias palestinas. No entanto, as mobilizações deste mês não fazem qualquer tipo de questionamentos a estes crimes. 

A situação política em Israel é produto da interferência imperialista histórica dos EUA e da Europa naquela região do mundo. A autorização para a existência de um Estado racista, com um regime de Apartheid, só poderia levar a uma extrema-direita fascista e fundamentalista fortalecida. A reforma do judiciário proposta pela extrema-direita fascista israelense só escancara o que já é a realidade para milhões de palestinos.