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terça-feira, 15 de outubro de 2024

Bancários se manifestam em Feira de Santana contra política de demissões dos bancos

As demissões em massa aliada a nefasta política de juros do BC têm por objetivo a redução de custos e a extração de riqueza via Sistema da Dívida Pública a fim de manter – ou aumentar se possível – as taxas de lucro obtidas pelas instituições financeiras.

Gabriel Reis 

Unidade Popular – Feira de Santana/BA

Na manhã do dia 21 de março os bancários se mobilizaram em frente às agências do Itaú e Bradesco para denunciar a política de demissões que os bancos privados estão operando desde o início do ano.

Segundo o presidente do Sindicato dos Bancários de Feira de Santana Eritan de Carvalho, tais demissões ocorrem pois os bancos estabeleceram uma política de autenticações mínimas, ou seja, uma determinada agência tem um limite de clientes que pode atender ao dia sendo preciso, portanto, negar atendimento ao público e expulsá-lo da agência no momento em que o limite é atingido. Ainda de acordo com o presidente esta política seria decorrente do fato de que as instituições financeiras perceberam que determinados serviços podem ser feitos pelos próprios clientes por meio de caixa eletrônico e internet banking ou por meio de terceirização através de correspondentes bancários.

“A indução dessa diminuição no atendimento ao público passa a justificar a demissão em massa de trabalhadores. Isto é, se não há pessoas para atender (porque elas foram expulsas), os bancos não precisam de funcionários para executar este trabalho” afirma.

Esse tipo de medida, além de prejudicar o atendimento aos clientes, promove a precarização do trabalho ao sobrecarregar os bancários. Eritan de Carvalho diz que “aqueles poucos bancários que sobrevivem às demissões, passam a adoecer pela sobrecarga de trabalho e também pela cobrança desmesurada pelo atingimento das metas”. Ademais, isso também incentiva o uso de correspondentes bancários que na prática são trabalhadores terceirizados que recebem em média 40% a menos que um bancário regular.

Os bancários também defenderam a redução da taxa Selic cujo valor de 13,75% figura entre as taxas de juros mais altas do mundo. Os grandes bancos privados se beneficiam com a política de juros do Banco Central (BC) uma vez que ela define a remuneração de títulos públicos (segundo dados da Auditoria Cidadã da Dívida, os bancos, investidores estrangeiros junto com seguradoras detêm 62% do estoque da dívida pública) assim como serve de referência para o valor do crédito praticado pelas instituições financeiras conferindo-lhes grandes rendimentos.

Espólios da pandemia

Na prática, as demissões em massa – e a consequente precarização do trabalho dos bancários – aliada a nefasta política de juros do BC têm por objetivo a redução de custos e a extração de riqueza via Sistema da Dívida Pública a fim de manter – ou aumentar se possível – as taxas de lucro obtidas pelas instituições financeiras durante a pandemia de covid-19. Dados da empresa Economatica mostram que em 2021, o pior ano da pandemia, o Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander lucraram juntas R$ 81,6 bilhões sendo o maior valor registrado desde 2006. No período de 2020-2021 o lucro somado desses quatro bancos cresceu 32,5%, ao passo que nesse mesmo período a renda do trabalhador, segundo o IBGE, caiu em 11,4%. Ou seja, esse recorde dos bancos foi edificado pela política genocida e fascista do governo Bolsonaro.

Assim, se faz necessário combater por todos os meios necessários esse sistema financeiro cuja única contrapartida que oferece à classe trabalhadora é o retrocesso civilizatório.

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