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segunda-feira, 7 de outubro de 2024

De forma antidemocrática, Prefeitura de Florianópolis implementa sistema binário de trânsito ao redor da UFSC

Com promessas de alívio e resolução dos problemas de trânsito dos bairros que rodeiam a universidade, implementou-se um sistema binário entre dois bairros separados, colocando a via de cada bairro em uma direção única e mudando diversas linhas de ônibus importantes para a região.  

João Rio | Florianópolis


BRASIL No dia 21 de Abril entra em prática um novo sistema de trânsito para a região da Universidade Federal de Santa Catarina. Com promessas de alívio e resolução dos problemas de trânsito dos bairros que rodeiam a universidade, implementou-se um sistema binário entre dois bairros separados, colocando a via de cada bairro em uma direção única e mudando diversas linhas de ônibus importantes para a região. 

Essa medida implementada não considerou a participação popular, assim como arquitetaram o plano diretor da cidade e implementaram da mesma forma. Mesmo os moradores, associações de moradores locais, estudantes e profissionais organizados e solicitando reuniões e audiências públicas com a prefeitura, para avaliar os impactos causados pelo projeto, tiveram suas avaliações descartadas. 

A prefeitura fecha os olhos para as diversas manifestações populares e críticas especializadas de profissionais, e o que temos atualmente é impactos negativos em relação ao o acesso ao transporte público e a locomoção diária dos trabalhadores devido ao grande trânsito que enfrentam e que já era de se esperar advindo de um projeto imediatista, que visa apenas reformar as ruas num intuito de promoção do governo de Topázio, sem avaliar realmente as problemáticas causadas pelo mesmo. 

É notável esse aspecto de um projeto imediatista pelo posicionamento da Universidade Federal De Santa Catarina, que através de uma nota em seu site, a diretora do Departamento de Arquitetura e Engenharia (Dpae/UFSC) Fabrícia de Oliveira Grando e a coordenadora de Planejamento de Espaço Físico do Dpae, Carolina Cannella Peña afirmam que: “A UFSC soube do sistema binário em fevereiro de 2023, por meio de um anúncio de alterações do transporte coletivo”.

Há pelo menos 10 anos discutem-se ideias para resolver os problemas de trânsito das vias que rodeiam o Campus Universitário da UFSC. Contornado e com acesso a 3 bairros diferentes – Pantanal, Carvoeira e Trindade– o campus tem vias duplas que há tempos se congestionam em horários de pico. 

De 2010 a 2014 houve uma disputa para que a UFSC cedesse um pedaço do terreno do campus para o alargamento da Rodovia Deputado Edu Vieira, no Pantanal.  Com diversas prerrogativas de segurança ambiental e retorno estrutural, a universidade cedeu o terreno e foi – principalmente – prometido a construção de uma faixa de ônibus exclusiva na ampliação da rodovia.

Em 2016 são iniciadas as obras, que em 2017 já são paralisadas devido a alteração de cursos d’água da região que foram alterados pela obra. Paralisadas então por 2 anos, as obras voltaram a retornar somente em 2019, e ficaram se prolongando até maio de 2022. A obra teve várias paralisações devido a infrações ambientais de alteração dos cursos d’água e alteração de áreas de preservação permanente.

Uma das preocupações da UFSC era com a demolição de um prédio do centro de desportos da universidade, que fica próximo a uma curva da ampliação. Em reunião no início de 2019 a universidade fez pedido de reconstrução do prédio pela prefeitura, que resistiu e prometeu um retorno ao final do ano. Depois, somente em julho de 2022 apresentou-se a alternativa ao projeto da reconstrução do prédio propondo o contorno da via ao pedaço com fins de reduzir os custos da obra. 

Assim, já em 2023, com a circulação de carros já liberada, percebe-se que não foram construídas as faixas exclusivas para o transporte público. Já com a obra praticamente finalizada, a Prefeitura Municipal de Florianópolis apresentou proposta de alteração das linhas e trajetos do Transporte Público, propondo alterações nas vias internas da UFSC. Ou seja, seguiu-se com diversas alterações da obra, até mesmo no interior da universidade e novamente, sem algum diálogo sequer com a comunidade e até mesmo com a instituição de ensino.

Desrespeito da Prefeitura

Na sexta-feira, dia 14 de Abril de 2023, a reitoria da Universidade promoveu uma assembleia aberta com a presença da comunidade para discutir e apontar as problemáticas do caso. Declarou-se a dificuldade da instituição em dialogar com a Prefeitura e foram mostradas pesquisas com dados do histórico de alterações feitas sem consulta prévia.

O Reitor Irineu colocou que, diante da cessão do terreno valioso à universidade, serão cobradas as contrapartidas  do corredor de ônibus e que foi orçada uma obra de reconstrução dos prédios do centro de desportos – que pela proximidade à rodovia tem o ambiente pedagógico prejudicado – em R$4,8 milhões, mas que a contrapartida proposta pela Prefeitura é de apenas R$1 milhão, aproximadamente.

Ao fim da assembleia, denunciaram às ações anti-democráticas do prefeito Topázio (PSD) e comparou-se a situação com a aprovação do novo Plano Diretor da capital, que ignorou as críticas especializadas e declaradamente procura favorecer o setor de empresariado e de especulação imobiliária em detrimento da preservação ambiental e da preocupação com as regiões habitacionais de trabalhadores.

“A gente vê que existe um problema, que não é novidade na cidade de Florianópolis, que é esse aspecto justamente antidemocrático e anti científico da prefeitura de fazer tomadas de decisões que não vão de acordo com as necessidades da população, com as normas técnicas, com nada que a gente preza aqui nessa universidade.” disse Guilherme, do diretório municipal da Unidade Popular e membro do conselho universitário, em denúncia. “Então é muito importante a gente tá debatendo aqui, mas mais importante ainda é a mobilização popular! A gente conseguiu fazer barulho, movimentar a cidade, mobilizar aí contra o plano diretor e agora é mais um momento de tá aí se articulando na rua contra esse desrespeito da prefeitura!”, conclui.

Aliada a setores imobiliários e empresariais, a prefeitura de Florianópolis cede dia após dia as vontades dos capitalistas, vendendo a cidade para a burguesia. Sem espaço para debates com a prefeitura e governo do Estado, o que resta à população é a organização da luta coletiva para realizar profundas e radicais mudanças para superar a política liberal e conciliadora desta e de outras gestões governamentais anteriores.

 

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