59 anos do apoio da mídia burguesa ao Golpe Militar de 1964 no Brasil

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59 anos do apoio da imprensa à Ditadura Militar Fascista. Em 1º de abril de 1964, editoriais dos grandes jornais saudaram a tomada do poder pelos militares criminosos e a derrubada do presidente constitucional João Goulart.

Felipe Annunziata | Redação Rio


BRASIL – Nos 59 anos do Golpe Militar Fascista no Brasil, é importante lembrarmos do papel fundamental que a tal “grande imprensa” cumpriu na deposição do presidente constitucional João Goulart. Sentindo seus privilégios ameaçados, os donos dos jornalões não hesitaram em declarar apoio imediato aos militares criminosos que derrubaram o governo legítimo.

O grande medo dos jornais era de que Jango implementasse as chamadas Reformas de Base. Estas seriam um conjunto de medidas econômicas, políticas e sociais que tinham como objetivo melhorar as condições de vida do povo.

Começava com uma reforma agrária, que daria as terras devolutas (não produtivas) do Estado aos pequenos camponeses, mas também previa outras ações, como a erradicação do analfabetismo, incluindo também a extensão do direito de voto a analfabetos, e a reforma urbana.

A erradicação do analfabetismo era uma das pautas que a grande mídia burguesa tinha mais horror. Isto porque, pela Constituição de 1946 só teria direito ao voto quem fosse alfabetizado. Ao propor a erradicação do analfabetismo, Jango estava propondo na realidade o acesso de todo o povo ao voto, acabando com o domínio de alguns coronéis do processo eleitoral.

Ao mesmo tempo, o povo estava se organizando para acabar com o domínio do imperialismo e do grande capital sobre a economia nacional. A população já não aceitava ser submetida a exploração e espoliação de latifundiários e empresários. A cada ano que passava, sindicatos arrancavam dos patrões, na marra, aumentos substantivos de salários. No campo, os camponeses ocupavam e desapropriavam as terras improdutivas dos latifundiários descendentes dos senhores de escravos do século XIX.

A imprensa sempre tem lado

Foi nessa conjuntura que jornais como Folha de São Paulo, Estadão, O Globo, Correio Braziliense, O Dia, entre outros, apoiaram o Golpe de 1964. Saudaram os generais fascistas de “democratas”, “salvadores da pátria” e “libertadores”.

Não satisfeitos com isso, prestaram 20 anos de serviços ao regime fascista que se instalou em seguida no país. Colaboraram com torturas e omitiram crimes do governo ditatorial, como a Comissão Nacional da Verdade comprovou. O caso mais conhecido é o da Folha de S. Paulo, que emprestava seus veículos para a Oban (Operação Bandeirantes, um dos aparelhos de tortura da Ditadura) transportar presos políticos de forma ilegal e clandestina.

As Organizações Globo, proprietária do Jornal O Globo do Rio, por sua vez, escondeu as primeiras manifestações das “Diretas Já!”, quando centenas de milhares de pessoas saíram as ruas pedindo o fim da ditadura, em 1983. Já o jornal O Estado de S. Paulo, sempre apoiou nos seus editoriais a política de arrocho salarial e perseguição política dos militares.

Não é à toa que estes jornais sempre exaltam figuras relacionadas com aquele período. É o caso do ex-ministro Delfim Neto, um dos que assinaram o AI-5 (ato institucional que fechou o Congresso, instaurou a Censura e acabou com o direito ao Habeas corpus). Um exemplo mais recente é o de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, que sempre é defendido pelos editoriais destes jornais. O presidente do BC é neto de Roberto Campos, ministro da fazenda no governo do ditador Castello Branco, o primeiro da Ditadura.

Estes exemplos provam que a chamada “grande imprensa”, que o “jornalismo profissional” sempre teve lado. As empresas de mídia e jornalismo expressam apenas as opiniões de seus donos travestida de informação e notícia. Em cada novidade, trazem junto de forma dissimulada os interesses de seus donos.

Os trabalhadores precisam de uma imprensa forte

É por todo esse histórico que é fundamental fortalecer a imprensa popular. O Jornal A Verdade há 23 anos realiza um trabalho de enfrentamento a esses monopólios. Hoje, nosso povo precisa de mais direitos e condições dignas de vida e a grande mídia só defende os interesses dos donos de bancos e investidores da Bolsa de Valores.

Os “salvadores da pátria” e “democratas” dos donos da Folha, Estadão, O Globo e outros continuam sendo os grandes capitalistas e bilionários. Não podemos esquecer do papel que essas instituições cumpriram nos ataques da Ditadura Militar Fascista ao povo brasileiro.

Foram 20 anos de torturas, mortes e arrocho nos direitos. Mais de 10 mil mortos, dezenas de milhares de torturados, entre eles militantes que lutavam por um Brasil sem exploração, precisam sempre ser lembrados no dia de hoje. Temos que lembrar também daqueles que deram sustentação a esse regime de criminosos, entre eles a tal da “grande imprensa”.