Movimento de Mulheres Olga Benario vem se destacando por organizar ocupações de mulheres. Objetivo é lutar e garantir infraestrutura de atendimento a mulheres vítimas de violência.
Larissa Mayumi | São Paulo
MULHERES – Sendo o quinto país que mais mata mulheres no mundo, a média de mulheres que sofrem violência no Brasil é maior do que a média mundial, são 4,8 assassinatos por 100 mil habitantes, quando a média mundial é de duas. Somado ao alto índice de violência contra as mulheres, às políticas públicas de enfrentamento da violência sofreram cortes de verbas durante o governo do fascista Bolsonaro, resultando no sucateamento de vários serviços especializados, como centros de referência, casas-abrigo, casas de passagem e das delegacias especializadas.
Diante desse cenário, as mulheres se organizam há anos para dar respostas com atos denunciando a violência e reivindicando políticas públicas. O Movimento de Mulheres Olga Benario organiza casas de referência ocupando imóveis abandonados para para defender vida das mulheres e os seus direitos. Já foram 13 ocupações em diferentes cidades do país, que, por meio da organização coletiva, acolheram mulheres em situação de violência.
As casas organizadas pelo Movimento realizam cursos de formação, estudos coletivos, rodas de conversa, atividades culturais e, principalmente, ações reivindicatórias pelos direitos das mulheres. Em São Paulo, por exemplo, o Movimento obteve importantes conquistas com as ocupações do ABC Paulista: a Casa Helenira Preta, localizada em Mauá, e a Casa Carolina Maria de Jesus, em Santo André.
A Casa Helenira foi construída há cinco anos, quando não havia nenhuma política pública para as mulheres e, a partir de então, foi articulada uma rede de apoio com serviços e atendimentos às mulheres em situação de violência.
“Enfrentamos o sucateamento de várias políticas públicas para as mulheres nesses últimos anos, mas em Mauá a Prefeitura inaugurou um centro de referência para as mulheres, justamente onde, há cinco anos, construímos a Casa Helenira e fizemos muita luta, pressionando o poder público a se responsabilizar pelo combate à violência contra as mulheres. Ou seja, obrigamos o Estado a tomar providências”, afirma Luiza Fegadolli, coordenadora da Casa Helenira Preta.
Com essa luta também foi conquistado um terreno para a construção de mais de 40 moradias para as famílias do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), que construiu a Ocupação Manoel Aleixo, ao lado da Casa Helenira, e também um espaço para construção de uma casa definitiva para a Ocupação Helenira Preta.
Já em Santo André, o Movimento de Mulheres Olga Benario resistiu na Ocupação Carolina Maria de Jesus por um ano, onde realizou inúmeros debates sobre a violência contra as mulheres e recebeu visitas de apoiadores como lideranças de sindicatos, partidos políticos e coletivos, além de realizar atos, saraus, panfletagens e organizar mais mulheres.
Fruto dessa luta, o Movimento conquistou um imóvel público cedido pela Prefeitura, onde construirá a Casa da Mulher Trabalhadora Carolina Maria de Jesus, um espaço de organização da luta das mulheres para prevenção da violência, realização de cursos de formação e um espaço cultural.
Por fim, além de acolher mulheres em situação de violência há quase sete anos em Porto Alegre (RS), a Casa de Referência Mulheres Mirabal passou a fazer parte do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher no último mês de março. O Conselho é o órgão responsável pela interlocução entre a sociedade civil e o Estado nas questões relativas aos direitos das mulheres e pode propor políticas e atividades que visem à defesa dos direitos da mulher, acompanhar as ações do Poder Executivo relativas às políticas de gênero e propor medidas para que tais ações ocorram, além de acompanhar e opinar sobre a elaboração de programas sociais e legislações nas questões de interesse da mulher e de receber denúncias sobre discriminação contra mulheres.
“No Conselho buscamos garantir o reestabelecimento da Secretaria Estadual das Mulheres, que foi desativada pelo ex-governador do MDB Ivo Sartori. Poderemos também obter informações sobre o sucateamento dos órgãos de enfrentamento à violência em todo o Estado, fruto dos cortes de verbas realizados por Ivo Sartori e Eduardo Leite, no plano estadual, e por Michel Temer e Jair Bolsonaro no plano federal”, relata Nana Sanches, da coordenação da Casa Mulheres Mirabal.
Estas conquistas obtidas pelo Movimento de Mulheres Olga Benario só vieram após muita luta e são importantes para avançar no enfrentamento da violência contra as mulheres, além de servirem de exemplo de como os problemas devem ser enfrentados: com organização popular e luta coletiva.
Assim, divulgar amplamente essas conquistas é uma forma de ganhar mais mulheres para as fileiras do nosso Movimento e para convencer a todas de que é possível transformar a nossa realidade e construir uma nova sociedade.
Se organize no Movimento de Mulheres Olga Benario! Procure nossas redes @movimentoolga e faça parte da luta por uma sociedade mais justa para as mulheres, a sociedade socialista!
Publicado na edição impressa nº268 do Jornal A Verdade.