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quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Campus da UFRN de Caicó exclui pessoas com deficiência

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Campus da UFRN de Caicó sofre com ausências de rampas adequadas e placas de braille. Não há os devidos auxílios prestados às pessoas que possuem deficiência que querem ingressar na Universidade.

Clarice Oliveira | Natal


BRASIL – O Centro de Ensino Superior do Seridó pouco ajuda as pessoas com deficiência a permanecerem na universidade e completarem seus estudos de forma digna. O campus não possui rampas adequadas, e às vezes nem mesmo tem rampas, faltam placas de braille e não presta os devidos auxílios as pessoas que possuem deficiência e querem estudar no campus. Além da falta de estrutura, ainda existe muita falta de empatia por parte dos servidores e professores, que não enxergam a realidade dessas pessoas que muitas vezes precisam lutar cinco vezes mais para realizar a mesma tarefa que estudantes sem deficiência. 

De acordo com Leticia Andriely Silva de Azevedo, estudante do curso de direito, residente, atualmente membro da Comissão Permanente de Inclusão e Acessibilidade (CPIA) e pessoa cadeirante, “não há rampas para que eu consiga acessar os outros andares da residência, eu fico obrigada a permanecer no andar de baixo. Fora que quando é para eu me locomover pelo campus não consigo fazer isso sem ajuda de alguém porque algumas rampas não foram feitas de forma adequada.”. Leticia Andriely relata que a única medida que o CERES se importou em implementar dentro da residência foram as portas mais largas. 

Além da falta de estrutura, a universidade disponibiliza uma “Bolsa Acessibilidade” com o intuito de ajudar as pessoas com deficiência a permanecerem estudando, porém, segundo Leticia, ela acaba sendo uma política mais excludente ainda. 

A bolsa acessibilidade disponibiliza R$400,00 para pessoas com deficiência que pedirem a sua entrada, valor esse muito baixo que não sustenta com dignidade dado o custo de vida hoje em dia. Fora isso, aqueles que aderirem à bolsa, não poderão entrar em qualquer outra bolsa, estágio e coisas afins, pois não é um auxílio. Ou seja, para que PCD ‘s possam permanecer dignamente dentro da UFRN, ela deve aceitar que para a instituição ela jamais será uma pessoa por completo, não podendo concorrer às mesmas oportunidades que as pessoas sem deficiência concorrem.

Outro fator importante a ser citado é que para ser contemplado pela bolsa, a pessoa deve ter uma deficiência fácil de ser notada pela banca. Segundo Leticia, “houve casos de amigos meus que são deficientes que optaram por não ir atrás da bolsa, pois como sua deficiência não era facilmente notada e como a bolsa restringia a pessoa a ficar relegada nela, era melhor simplesmente não entrar na bolsa.”.

A CPIA de Caicó, comissão responsável por fiscalizar e denunciar essas infrações observadas dentro do campus, tem ressaltando recentemente que a bolsa deveria ser um auxílio e denunciado desde sua criação, a falta de infraestrutura para que as pessoas com deficiência possam transitar pelo campus, porém pouco tem se avançado. Para Leticia, “é bastante evidente que essa pauta não é prioridade para eles, na hierarquia de prioridades, sempre priorizam outras coisas”, ela também afirma que para avançar na segurança de que os direitos das pessoas com deficiência sejam respeitados “ Não adianta pautar a questão dos deficientes sem que as pessoas com deficiências estejam dentro do debate! Nada sobre nós sem nós!”

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