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sexta-feira, 11 de outubro de 2024

O precário serviço de transporte público na Baixada Fluminense

Paga-se muito caro no serviço de transporte público na Baixada Fluminense. O transporte possui graves problemas de itinerários e falta de ar-condicionado. Os equipamentos de acessibilidade, em sua maioria, encontram-se danificados e sem manutenção adequada. As empresas cobram preços abusivos nas tarifas e lucram em cima do povo pobre.

Yuri Alexsander e Cleydison Marques* | Nilópolis (RJ)


BRASIL A Baixada Fluminense é historicamente uma região dormitório, onde se concentra a massa de trabalhadores que vão até a capital do Rio de Janeiro vender sua força de trabalho. Por consequência, esta região sofre de um abandono crônico no que diz respeito às infraestruturas básicas necessárias para a garantia de uma boa qualidade de vida: saúde, educação, saneamento básico, planejamento urbano, energia, etc. A lista é extensa, e uma das principais demandas para os moradores é o transporte público.

Um bem público precisa estar sob o domínio do Estado e atender as necessidades e interesses básicos da comunidade como um todo, visando o bem estar social e não o lucro. Mas basta reparar a dinâmica da mobilidade na região metropolitana para vermos que esses requisitos não são atendidos. As empresas, que diga-se de passagem não são públicas, mas sim privadas, funcionam através de concessões das prefeituras e Governo do Estado.

Os tubarões do transporte cobram preços abusivos nas tarifas e não retornam o dinheiro para o desenvolvimento e aprimoramento do serviço. Dessa forma, é gerado o lucro dos grandes grupos e da máfia dos transportes. Hoje, o valor mensal da tarifa pesa cerca de ⅓ do salário médio dos trabalhadores.

Esses altos preços, somado ao baixo salário mínimo, a carestia de vida nos supermercados, aluguéis e demais despesas, representam um prejuízo ao bolso do povo. Paga-se muito caro em um serviço com graves problemas de itinerários, sem ar-condicionado, com equipamentos de acessibilidade que, em sua maioria, encontram-se danificados e sem manutenção adequada.

Precarização afeta passageiros e motoristas 

Os motoristas também sofrem com a precarização. A longa jornada de trabalho (cerca de 8h ou mais) em um pequeno espaço físico e o exercício da dupla função, uma vez que a função de cobrador foi extinta na maioria das linhas de ônibus, acarreta uma grande pressão psicológica no decorrer da jornada, ocasionando diversos tipos de problemas de ordem física e mental, como a Síndrome do Esgotamento Profissional, conhecida como Síndrome de Burnout, que é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultantes de situações no trabalho. 

Este contexto é extremamente propício ao desgaste mental. Além do salário baixo e as longas jornadas de trabalho, hoje, o piso salarial de um motorista de ônibus gira em torno de R$ 2.040,39, um valor muito abaixo do que de fato produz o motorista, uma vez que as empresas transportam milhares de passageiros todos os dias por uma média de R$ 5,00 (na Baixada Fluminense).

Estatização do transporte público é a solução

Com isso, é preciso que a reivindicação e o debate sejam pautados pela classe trabalhadora frente aos municípios da Baixada Fluminense e o Governo do Estado. É preciso que exijamos a completa estatização das empresas; controle preciso e transparente dos dados de receita e investimento; valorização dos salários dos rodoviários; redução geral das tarifas; transição energética gradual de combustíveis fósseis para fontes de energia renovável; Acabar com o lucro dos patrões, reinvestindo todo o dinheiro gerado em melhorias para os transportes e estradas. 

É de suma urgência e necessidade que o debate do transporte público seja pautado na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro e no Brasil. É preciso fazer-se entender que transporte, ou seja, o direito de ir e vir, não deve jamais ser uma mercadoria que beneficia apenas seus respectivos donos. O controle público de todo o sistema de transporte levará qualidade de vida à classe trabalhadora.

*Militantes da Unidade Popular em Nilópolis

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