Santa Catarina teve seu primeiro Encontro Estadual da Unidade Popular pelo Socialismo em 2023. A atividade traçou planos para expansão da política revolucionária do partido nas regiões do estado e debateu a conjuntura nacional e internacional.
João Paulo | Florianópolis (SC)
BRASIL – No dia 22 de Abril, o estado de Santa Catarina teve seu primeiro encontro estadual da Unidade Popular pelo Socialismo em 2023. Compuseram a mesa de abertura a coordenadora estadual do Movimento de Lutas nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), Laís P. Chaud, os presidentes do diretório estadual e municipal, respectivamente Júlia Andrade Ew e Matheus Menezes, a presidente da UFES e diretora sul da Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (FENET), Amanda Wenceslau, e o integrante do Movimento Luta de Classes (MLC) de São Paulo, Eduardo Bueno. Começou com a exposição da avaliação do partido sobre a conjuntura nacional e internacional política e econômica atualmente.
O diretório do estado trouxe à tona o caráter anti proletário e imperialista da guerra de rapina na Ucrânia, ocasionando a destruição das forças produtivas através da guerra, assim como demonstra a opressão contra os palestinos, sírios, somalis e tantos outros. Citaram a continuidade e aprofundamento da crise de 2008 e os mecanismos do capitalismo que exerce para resolver a crise econômica, implementando a extensa precarização das condições da classe trabalhadora, com reformas antipovo, exemplo da reforma trabalhista e da previdência, o aumento da inflação e terceirização em massa no Brasil.
Foi reafirmada o papel da luta popular e a organização dos trabalhadores, tanto contra o histórico de golpes no Brasil, em que com o povo na rua se foi capaz de barrar as últimas três tentativas de golpe em nosso país, quanto no novo governo Lula, o qual foi o primeiro presidente eleito no segundo turno desde a redemocratização.
Ou seja, o povo foi pra rua e se colocou contra o alto custo de vida, o genocídio pelo COVID-19, o aumento de desemprego e os cortes da educação realizados pelo fascista Bolsonaro, que foi massacrado nas ruas e nas urnas, superando até gigantesca máquina de propaganda e compra de votos financiada pelos cofres públicos e a burguesia ligadas ao ex-presidente.
Novas forças, novas tarefas
A tarefa da Unidade Popular sob o governo eleito é a ofensiva, exigindo políticas públicas de moradia, de educação pública e de qualidade, a justiça de transição pois os criminosos de hoje são do mesmo berço dos torturadores da ditadura de 1964-1985, abolir as reformas anti povo e dentre várias outras necessárias.
É tarefa dos militantes do partido travar uma intensa luta anti-fascista extensa, com o povo na rua e realizando nossos trabalhos de massa, para além de se preparar para o 3o Congresso Nacional da UP, que ocorrerá nos dias 02 a 05 de Novembro de 2023 no Rio De Janeiro. As lutas dos movimentos sociais em Santa Catarina para organização da classe trabalhadora, o Movimento Luta de Classes chamou os militantes para a o Congresso Nacional do MLC, que ocorrerá em Agosto, e ressaltou a importância da organização dos espaços de trabalho com construções de núcleos de estudos e greves, combater a precarização do trabalho e denunciar a reforma trabalhista.
Na luta pela moradia, militantes do MLB reforçaram a necessidade do povo ir para a rua reivindicar o que é do povo por direito, como a moradia digna. Sobre a luta estudantil, movimentos como a UJR e Correnteza se colocaram em defesa da educação pública e de qualidade, estando nas disputas pela direção da UNE, dos DCEs, centros acadêmicos, grêmios e pelo desenvolvimento da consciência dos estudantes.
Em defesa da vida das mulheres, a militante Juliana Matheus, coordenadora nacional do Movimento De Mulheres Olga Benário, em sua fala destacou os trabalhos que foram realizados e a necessidade de organizar ainda mais pessoas para lutar contra a violência às mulheres, também nesse sentido divulgou a organização do 3o Encontro Internacional de Mulheres da América Latina e do Caribe, realizado pelo movimento.
Expandir política revolucionária para todas as regiões
As lutas do partido nas cidades de Santa Catarina são diversificadas devido às especificidades de cada região, seja no litoral, no oeste, sul e norte catarinense temos variadas frentes de ação para derrotar as práticas e políticas que vem realizando a difusão do fascismo. Foram mais de dez cidades que somaram esse encontro, os militantes dessas cidades trouxeram em suas falas as denúncias sobre a conjuntura de cada localidade. No Vale do Itajaí, a institucionalização da lei da Escola Sem Partido – a “Lei da Mordaça” – acentuou as contradições no ensino público e impulsionaram sua precarização com perseguições e políticas de desmonte.
No oeste catarinense, prevalecem características voltadas ao campesinato. Houveram relatos na cidade de Chapecó, sobre as várias denúncias de trabalho escravo. Como apontam os dados do MTP, relatando o crescimento do trabalho escravo em 2021, o maior número registrado em 6 anos no estado.
Foi demonstrado pelos militantes a necessidade de construir MLC a fim combater o imobilismo sindical e a precarização das condições dos trabalhadores imigrantes – grande parte Venezuelanos, Haitianos e Paraguaios – que são paulatinamente jogados à periferia pela política higienista da prefeitura. Além do histórico de perseguições políticas, como as que culminaram no assassinato do vereador Marcelino Chiarelli (PT) em 2011 por denunciar esquemas de corrupção na cidade.
Em Laguna, foi denunciado o imobilismo de movimentos que não encaravam com seriedade a necessidade de panfletagem nas ruas e brigadas do Jornal A Verdade, organizados os militantes da UP, realizam diversas tarefas como finanças, filiação dos trabalhadores, crescendo bastante o partido. Em Blumenau, foi colocada a necessidade de fortalecer a luta das mulheres e da população trans, visto que deputadas mulheres e o único deputado LGBT eleitos pela cidade votaram, respectivamente, contra pautas feministas e trans.
Joinville se faz mais que necessário na luta dos militantes para frear nazistas e fascistas que tentam atacar a democracia e a população, como vimos acontecer na noite do dia 7 para 8 de novembro de 2022. A Cidade que também tem essa característica marcante de ter diversos trabalhadores devido estar entre as 25 cidades brasileiras com maior PIB de acordo com o IBGE. Visto isso, é função da Unidade Popular organizar os trabalhadores para conseguir superar os fascistas e suas políticas antipovo.
Já na Grande Florianópolis, foram denunciadas as péssimas condições do transporte coletivo e locomoção, agravadas ainda mais com a imposição do modelo binário na região da UFSC por parte da prefeitura e futuramente com a implementação do Plano Diretor que desrespeita a vontade do povo e desconsidera um planejamento urbano que vise gerar habitação, cultura e lazer.